20 agosto 2012

os "Q" da vida


Que lobos aprendo a uivar?
Que águas e sal me fazem voar!
Que espelho me reflecte tão bem!
Que face iludida me acolhe!
Que trono me escolhe!
Que verdade enreda e gosto?
Que saudade já não aguenta mais!
Que ciúme!
Que amor!
Que pergaminho escrito a pele me cravou?
Que aquietada noite demora na minha janela!
Que brisa alcança meu peito sem saber de mim!
Que de mim voei para longe daqui!
Que rio refresca meu corpo?
Que copo bebido correu no meu rosto!
Que lobos correram do espelho meu!
Que mais me ilude senão veracidades!
Que poema surpreendi e não fechei os olhos?
Que risco de cabelo se ausentou do sorrir?
Que filme me levou?
Que lágrima me secou!
Que sonho me realizou?
Que Verão partiu no Outono e comigo ficou!
Que coração não bateu!
Que arma não doeu!
Que “Q’s” me faltam até depois de viver!

por Rosa Magalhães

12 agosto 2012


Lembrar-te-ei até
que a voz me dê um fado
alegre seja o fardo onde perduram
os momentos
porque mataram a escrita do meu pensar
e quisera-me o tempo escrever, tão alma
donde enquadrasse um amanhecer
numa escarpada noite
o pendurado quadro de parede
e escapar-me de dormir até
o raiar doutra aurora
que pudesses deslumbrar
em mim teu albergo
teu segredo
e fizesse dos meus sonhos pedaços
pedaços de nuvens
entrelaçadas no horizonte


por Rosa Magalhães

Fogem-me palavras, pernas
Pensamentos que o mar, leva!
Foge-me tempo que tempo
Por mim não espera!
Fogem-me as ondas
Do verniz das unhas que meus pés
Vestem!
Foge-me quase tudo!
Porque quase tudo é: quase nada.
Fujo desse nada porque o mar
Não me náufraga. Eu: quero tudo!


por Rosa Magalhães