15 janeiro 2013

Pode ser que o dia nasça



Pode ser que o dia nasça
Que eu nasça!
E a noite caia em mim de pé
Sem pé nem forma que fugisse

Que me fugisse dessa cena
Desse palco arena de sulcas maçãs.
Pode ser que o ânimo chegue
Que eu chegue!
Sem bestas no peito nem noite

Que caia em mim, o sono
Mesmo que agreste
E me deixe dormir, também.
Pode ser que a chama vestida venha
Que seda!
Que terra molhada!
Que medo!
Que chuva ainda rola!
E a dança: tempestade do amor.

Pode ser que o dia acalme e morra
Que de cansaço eu morra!
Por caminhos encobertos, refulgentes
De sombras e que a noite caia em mim
Nessa prova como a tua
Ofegante respiração.

Pode ser que a tentação seja atenta!
Que eu fatigada fique acordada!
E que o acantonado castelo sem erros
Tragam memórias, turbas e belas
E que a noite caia em mim nessa jura
Talhada por ti.

Pode ser que o tédio
Chegue e vá sem demora!
Que eu vá para lá da minha história!
Sem derrotas nem tempo
Que tempo tem chão e come na mão
E que a noite caia em mim
Rotina de ilusões.

Pode ser que o tempo
Tenha essência e que meus suspiros
Desertos árico sejam mar sejam
Sem rotinas de perder a cabeça
Sem noite não há ruas de fascinação.

Pode ser que a vida salte deste palco
Que vá para outro canto!
E nas palavras arrebatadas
Seja louca
Que caia em mim teu bem-estar
Como ecos abraçados
Até mais não poder mais.

por, Rosa Magalhães