20 julho 2010

Marasmo


estou numa ilha Afrodite de marasmo, uma espécie de planeta mistério, onde os sapos são sábios cordeiros e os cérebros do homem corpos com braços de ambientes ligeiros. estou vigilante dentro das hábeis orbitas e as sensações escritas que me alimentam são minhas atmosferas, meus simples gestos, cordilheiras de complexos, os meus momentos de arte e desejo, numa riscada andorinha da vida, ou um rustico risco preto. filosóficos são os fenómenos naturais de habilidades míticas, a auto-expressão vincada, um rosto falante sem palavras rasgadas e sem destino traçado, um misto de língua que passa, como artificiais míticos órgãos e células íntimas, há pálidos e paladinos olhos largos, intrínsecos olhares e genes indefesos. há fetos inconscientes a falar mais alto e seres humanos a passar o instante do que sinto pairar por cima do ar, o reflexo esticado de vento. há homens que rastejam atados com cordas à cinta como se este fosse o recuo da vida até atingir seu estado primata. ninguém que habita o mistério da ilha fica impune e nem os cromossomas deixam seu estado. Invasivos, eles, não falam assim dessa lonjura, apenas essa é a caminhada já percorrida e a direcção é sempre a errada. O mundo já não respira!

Rosa Magalhães
Texto publicado no Jornal "Universo Paralelo"
de 11 até 25 de Agosto 2010 

Vazio

Ouço na música um riacho de fundo
ruídos que acusam letras, letras profundas
ouço a voz destorcida que fala alto
palavras anexas num ar insuportável
o mundo está ausente de memória
e descartáveis ficam os devaneios
estas chaves do futuro sem portas abertas
tudo está trancado, tudo fecha o que sinto
e o que sinto é o que ouço
a música com um riacho de fundo
a causar-me ruídos na mente
e ecos vindos de tão longe...


Rosa Magalhães

19 julho 2010

ser para lá de mim

parece-me ruim
mas não é
parece-me
tempo comprido
e perturba-me
...parece-me o estado
inacabado
estado a querer sair
a querer ir
para lá do fim
ser para lá de mim

Rosa Magalhães

fim

os sinais do tempo que me rasgam a alma já despedaçada do meu ser. torna-me sargaço no dia cansado que findou pela praia. a minha praia que não avista barco à deriva. nem mar imenso pronto a surfar ideias gastas de solidão. para lá do fio estou. numa ponta que se abre a noite num sono que quer vir. e eu quero ir. quero... ir para lá da linha que me espera. para lá do outro lado onde parece não ter fim.
Do Poeta ao Leitor

Sou poeta e escrituro o que me almeja.
penso o que me almeja. sonho o que me almeja.
hoje, hoje não vou falar de amor, não me apetece!
hoje não vou falar de ti nem de nós nem de mim,
nunca falei de mim,
nunca dei alicerce de me dar a conhecer!
de mim,
só sai o que eu afecto falar,
o que eu intento escrever e hoje,
particularmente hoje, não me apetece falar,
nem tão pouco escrever e já escrevi mais que meu querer.
está decidido!
hoje não vou falar dessas coisas banais
que só acontece aos mortais!
hoje,
só vou falar do que me patroa, por isso não irei falar de amor,
mas posso falar da dor que isso me faz doer…
por não me apetecer falar de amor.
não trago desejo de escrever
e de eros hoje não tenho anelo pra cavaquear.
sou poeta escritor e sinto a minha dor quando intentar,
e se de amor me apetecer não falar,
serei ou não um fingidor
sou poeta e escrevo o que me almeja,
ou escritor, profiro o que me apetecer!
posso até fugir para outra parte qualquer…
sou poeta escritor,
mato-me se me apetecer e quando quiser!
ou digo simplesmente
que sou o cheiro de uma flor, para te deixar a sorrir…
e tu, meu querido leitor
acredite, acredite se quiser!


Rosa Magalhães

O improvável

o sorriso supostamente teu
que soprava nos meus ouvidos
passou a ser
meu perfume de liberdade
que me chamava a iludiu-me
e eu, chamei por ti

para além do som
e do gosto das pétalas
o olhar distante era presente
escondido no tempo comprido
que não tinha fim
pensei estar lá
nessa lonjura que me chamava
corri, e chamei por ti

as insuportáveis horas
que fui passando
foram sonhos que fui amansando
com lágrimas de dor na saudade
enquanto inundava ocenos
um rosto envelhecido e nu
e por entre as roseiras bravas
a voz que me siderava
fiquei sem saber de nada
e mesmo assim
ergui –me e chamei por ti

suspendi a boca
bebi a água que respirava
e as vozes que de longe vinham
em negras noites
frias insónias que me chamavam
ousei, e chamei por ti

os raios do mar soletravam o amor
na prateada água, silencios solitários
e pedras rubras
os ventos sepultados
as ondas, lamentos chamados
e nessa duvida, chamei por ti

Rosa Magalhães

15 julho 2010

Viste os meus sonhos?

Onde estão meus sonhos?
Meu fantasiar
...Minha ilusão, onde estão?
Para onde foram?
Para onde… vão?
Meus sonhos sonhados
foram em vão…
Foram?
Não sei!
Foram?
Para onde foram?
Meu sonhos onde estão?
Essa ilusão é erro!
Aparência, desilusão…
Diz-me!
Porque eles,
os meus sonhos
foram nessa quimera?
Porque foram na fantasia
que já não são.
Esta minha visão absurda
Esta utopia da fascinação ouvida
a musica surda do meu coração!
Meus sonhos...
nunca foram
sonhados em vão!

Rosa Magalhaes
Marionetas Humanas

às vezes somos tratados
como se fossemos marionetas
e parecemos humanos
e não parece ...

... não parece
mas às vezes somos invadidos
a termos comportamentos
como se fossemos marionetas
e parecemos humanos
mas não parece ...

às vezes somos confundidos
e manipulados por humanos
como se fossemos marionetas
e também somos humanos
... mas não parece.

... não parece
mas às vezes a dor
que nos aflige o peito
fica apertada de aperto
como se fossemos um fio preso
(preso por um fio de marionetas)
e parecemos humanos.

às vezes o frio que invade
e o estômago que traz cólica forte à dor
parece disfarce humano na defesa de ataque
parecemos humanos e não parece
que somos marionetas.

Rosa Magalhães
Poema in "7 Vidas de Afectos"


Excelente imagem do Museu das Marionetas
Em Homenagem às Marionetas, por Rosa Magalhães

12 julho 2010

Mar e Céu, bela combinação!





Eu sempre achei o mar igual ao céu
pela sua linda cor azul
e pelas brancas ondas que formam nuvens no ar!
 

07 julho 2010

Talvez

talvez não vi...
talvez não quis sentir...
talvez não sabia...
talvez não achei altura...
talvez não sonhei...
...talvez não quis...
talvez...
talvez...
talvez vi mas não olhei!
talvez olhei e não vi!
talvez senti e tive medo!
talvez quis e não fui capaz!
talvez sonhei e não realizei!
talvez...
não era o tempo certo!
não sei, talvez.

Rosa Magalhães

Não sei quem sou.

Não sei quem sou,
mas sou e sei que sou, eu.

Saber,
sei alguma coisa
mas de alguma coisa que sei,
nada sei.

Nada sei
e já sei o suficiente
para te dizer
que sempre te amei.

Querer ser mais,
eu quero!
Mas quero principalmente
não deixar de ser
porque ser o que sou,
mesmo que, ninguém
quero ser sempre eu,
até ao meu fim.

Meu sonhos estão à porta,
prestes a entrar
meu ser inundado, esgota-se
por temer não ser a assistir.
Antes de mim, meu ser quase extinto
pelo desejado ser que nunca fui
ser é minha existência neste saber
ainda tenho muito a aprender
e por mais que eu saiba que sou
meu ser não sabe quem sou,
mas sou e sei que sou, eu.

Rosa Magalhães

06 julho 2010

Tenacidade

é à noite que me adormeço contigo
no pensamento amor senti-lo
deveras cintilante e em brasa
naquela macieira carregada de frutos
mas o sabor das uvas não é o mesmo
sem seres à minha beira
sem tantas pedras no caminho
que me engana que me arrasta
contigo me perco de mim
já não te vejo no peito
e bates fortemente com asas de cisnes
e atravessas meus desejos
puros de tenacidade a teu jeito
um engano
em mim cravado um espinho
pergunta-me que eu respondo
sempre em fecha na porta
o charme que dorme
a sombra a refrescar-te
quando aquietares o espírito


Rosa Magalhães

Voz arranhada

Arranhado é o amor
que me atira às roseiras bravas!
que de ti tenho o carinho é
carregado de pétalas
é paixão
é dor que me ilude a amar-te
teu caminho cruzado
longe a longe dói-me
de repente os fumos
da flor silvestre
é calor evaporado
que fuma auroras da mente
ensina-me!
ensina-me que pedra é mole
tão mole quanto a lua certa
bebo o vinho da tua ausência
de rédeas encurtadas
de espinhos solto-me
caminho à tua beira numa espada
numa estrada que o vento leva

Rosa Magalhães

a cruz que me carrega

A cruz que me carrega

Aqui tenho escudos de ventos
escalados sentimentos
e floresces em mim
como gaivotas de jardim
e estrelas cadentes
e já vai alta a madrugada
e a cruz que me carrega
ressoa um porto velho, distante
nas cores encobertas
nas nuvens dos teus beijos
solenes a temperar-me
e corro mar a dentro a buscar-te
na ancora atracada no meu ser
vou cansar-me mutuamente
pela distante medida do sonho
vou cantar-te no meu ouvido
tu na minha noite
faminta noite a devorar-me
e cansa-me mais uma vez nas forças
tuas melodias, crepúsculos
estrelas e ventos
folhas e árvores que dão asas
aos passarinhos
aos pensamentos que chegam
de mansinho para cantar-te

Rosa Magalhães

Ainda, não te esqueci!

não sei como mostrar a alma

a minha alma não sei!
o coração traz carinho também
a juntar à alma que é minha
de mais ninguém
meu coração se tem dono, quem é?
ele sabe-o bem
esta atenção que dou e recebo
é prazer que trago nas duas mãos
olho-te de longe e não te vejo
estás tão perto de mim
és meu ombro, face
és caminho de tempestade
minha alma quer e não tem
não quer, nem eu sei-o bem
a temperatura é teu calor
que me aquece o dia
mas és minha agonia
nos sonhos que em ti, mim não tem
tenho alegrias tristes
tristezas alegres
mas trago no tempo a saudade
que me mata de vez, mais uma vez.

Rosa Magalhães

Rosa Magalhães

... eras tu, quem eu gostava

Teu ar respirava-me
mansamente e eu gostava
a lua, subia intima no céu azul
negro e escuro era, branca e eu
gostava
vestida de crueldade a noite
chegava turba, insistente
era água da chuva
o abrigo: uma gruta de segredos
a cair na noite fria
terno beijo teu ainda morno e eu gostava
da intensidade do querer
que era mutua
tu: o tempo algemado num abraço
a dádiva do olhar-te escassas palavras
dadas e eu gostava
dessa loucura de amor perfumado
amor no regaço da tempestade
a esquecer-nos e eu gostava.

Rosa Magalhães

Fogo queima

Fogo queima



Não fui eu que te amei, digo
antes de ti fui, de ninguém: amei no escuro
nada dizia que não fosse rubro
a noite vazia e o ar húmido
dormi selvagem no teu abraço
subi teus olhos de mar fundo
busquei-te sonho
separei bocas que se unem
no teu íntimo sagrado, fui única
madruguei-me no calor do fogo


Rosa Magalhães

Intimidade

Tira-me o casaco
mas desabotoa-o primeiro
a intimidade: ligados elos
são letras a falar comigo
não consigo ver o silêncio
que barulho tem 
o triste acordado
casaco apertado: tira-mo!
Mas, desabotoa-o primeiro.

Rosa Magalhães

Saudade

Nunca me esquecerei de ti
Nem da saudade que me invadiu
Tua ausência é causa insatisfeita
Estou vazia de sentimento
O sentimento não fala por mim
Escrevo lágrimas que secaram

Porta

Aconteceu
naquela manhã
... ontem.
A porta abriu
e entrou outra porta
... ninguém viu
... ninguém entrou
só eu saí
pela porta aberta.
A porta que ontem
aconteceu
estava aberta
na manhã
e ninguém entrou
senão
outra porta aberta.

Rosa Magalhães

Existir

Imensidão, imenso paraíso
a paragem na inquietude inquieta, sentir
minha alma calada em silêncios, mudos
existir a cada dia é viver, vida
há letras supremas
há cifras cantadas
musicais de músicas mansas, lindas
imitar ermitas gentes e povos
amor amor amor muito amor no mundo
a longitude, tão perto
emergem marés nos mares soltos
o determinar há-de ser canção
e o tempo sem tempo há-de voltar, à mão
distante como frio, é o olhar que tomba
na evolução algas a crescer, crescimentos nocturnos
trago desejos sinceros, aventuras
nadar é chegar a esse espectacular
escritor não tenho, escrevo dele
não sou o que escrevo, sou o escrito
sentada sento-me na areia, no mar a correr a vida
vê! vê com olhos de verdade a vida passa, tão à correr
não sei se quero sair deste lugar enfermo
lugar a ver o mundo a colher cada dor solitária
amanso os mansos gansos para que, não morram

Rosa Magalhães

01 julho 2010

"Meu's Castelos"



WAGNER

Óleos, pintado por mim à mão um trabalho inspirado no Castelo da Bavaria
construído e oferecido a Wagner - Homenagem

Rosa Magalhães

Bavaria

Bavaria é o coração da Alemanha!
Um estado Medieval da época do Lendário Rei Arthur.



De tradição tem lindos trajes com suspensórios, chapeuzinhos tiroleses, meias até o joelho, bigode! As tortas de maçã, os bolos de chocolate, o café com pão, o Oktoberfest, o salsichão e a famosa cerveja dos Amigos! As típicas bandas de música, as danças tirolesas, as confeitarias e o tiro ao alvo, as plantações de uvas, cereais e lúpulo.



Bavaria, é o meu lugar de sonho, que ainda preserva a sua cultura. Com belas paisagens naturais, formadas por vales, lagos, florestas e montanhas. As belas montanhas nevadas, os compositores de Música Erudita e os castelos!

Castelos de princesas de contos de fadas,
com sapatinhos de cristal!
Tudo isso está, na Bavaria!
As belas construções do mundo da Disney,
como o castelo Neuschwanstein,
conhecido pelo castelo da Cinderela,
e os Alpes deixam a Bavaria
com um ar de fantasia e de sonho.


Castelo Construído por Ludwig II
e por ele ofertado ao famoso musico Wagner
por sua musica lhe tocar tanto!


 
                           





                             
Wagner               Ludwig II

Verdadeiras telas pintadas pela mãe Natureza
a beleza que a Natureza tem...
Bavaria
é lindíssimo pelas suas fantásticas paisagens naturais
o lugar dos sonhos
sempre acreditei que os sonhos que vivem dentro de nós
existem na realidade em algum lugar
não são, só imaginação nossa!







Gatas da Bavaria
Autor das fotos e dono dos gatos
Herr Klaus Brosig



Autor das fotos e dono dos gatos
Herr Klaus Brosig