21 novembro 2009

rubis possuídos por demónios

Ofertar-me-ás

frutos à emoção se fores capaz
temperas nostálgicas
e sabores a morangos da paz
correntes em palavras meigas
e manhosas lianas
entre as tuas / minhas fogueiras
uma espécie de raras floras
repousos de ameixas em doces cerejas!
Ofertar-me-ás
labirintos das tuas maçãs
férteis como terra
framboesa da natureza
de onde renascem amoras
misturadas com nogueiras
por entre outros frutos, há roseiras
cotovias ou ervas da geleia de peras!
Ofertar-me-ás
dropes selvagens na baga melodiosa
híbridos significados da melancia
e rubis possuídos por demónios
groselhas venenosas em sabugueiros
e sementeiras de escassos medronheiros
vento e geada intensa de romãs e uvas
espinheiros no paraíso a beber frutos religiosos
siderados de invulgares desejos!
Ofertar-me-ás
olhares cerrados e carinhos minguados
galerias com pinturas e gelados
como prazeres argilosos
a inundar minhas mares saudosas
meus campos sombrios
e sublimes, teus cajus de abrigo!
Ofertar-me-ás
amor e sobejo ardente de vespas apaixonadas
maresias vibradas pelas falésias
para adormecer de encantos
para adormecer nos teus frutos proibidos
e ser de mim, tua oferta!
Rosa Magalhães
20 Nov 2009

hoje não quero morrer!

Os trovadores tem asas no juízo
e fogo nas ideias
tem sonhos ávidos e ausências
Hoje não quero morrer
não me apetece!
Quero enroupar tua camisa
embrulhar teus abraços
beber teus beijos
e esquecer-me de mim no teu silêncio
Quero desatar as asas no teu sorriso
ainda é cedo
as lágrimas abonam em desafios
hoje não é dia, já disse
não é dia!
Hoje não quero
Não me apetece morrer!
Não quero velas acesas
esparsas pela casa
quero ficar no tua quietude
arder cartas de amor e voar
voar quero voar apetece-me voar
a ver o mar
é pedir muito?
Hoje não quero morrer!
Teu amor já me secou uma vez
e quase nem dei conta
quero-te na próxima onda
sem prancha
sem vela solta
Quero-te disperso em beijos
que aquecem os desejos
e sentir-te
borboletear no estômago
hoje é cedo para morrer!
Hoje não quero!
Ainda há muito a sublimar
quero voar no teu chamar
falar no teu olhar e sorrir muito no acordar
quero vislumbrar o chorar da cor dos teus olhos
lindos olhos de cinzas
vales perdidos
e plumas de mim a ser jovial
é madrugada
a brisa dos teus dedos mareia solta
pelos meus cabelos
hoje só quero amar!
Rosa Magalhães
19 Nov. 2009

10 novembro 2009

Oxalá o amor venha de trenó!


Oxalá o trenó acarrete o amor
e as renas o acudam, sorrindo!

Porque os sinos tocam desordeiros
nos meus sonhos de Natal.

Oxalá o trenó traga presentes e futuros
e portas abertas, com entradas e saídas!

Oxalá as desilusões tragam corações
abraçados em beijos e não partidos!
Porque eu só quero uma caixinha de musica,
flocos de neve caídos do céu e lembranças proibidas!

Oxalá este Natal seja azul!
Tão azul
como o chapéu das emoções.
Quero ver-te além do espelho,
agarrar-te ternuras dóceis e tê-las por companhia,
todo o meu Inverno…

Oxalá a luz venha revestida da seda
para açucarar o doce do meu pranto
e nos reflexos das tradições, ter desejos da juventude.

Porque eu só quero uma caixinha de musica,
dar vivas ao amor e num pedido escrito
falar no ouvido do Pai Natal.

Oxalá venhas de trenó
e de mãos cheias a trazer a paz ao mundo,
na mensagem do silêncio
a harmonia,
caridade, respeito e tolerância,
e que tudo isso chegue
em abundância!

Oxalá tragas o cartão colorido
afecto e amor como carimbo!
Hoje, vou ficar agarrada á fé que tenho,
numa conspiração só.
Porque em mim
nasce uma criança a cada dia,
a morar no meu destino.

É Natal
a vida é o milagre maior!
Há uma estrela no céu que brilha,
e os Reis
já vão a caminho
numa só voz cantam o hino,
este, não é um Natal qualquer!

Oxalá esteja feita a lista para os bons e os maus
e eu só quero uma caixinha de musica
enquanto a noite cai fria.
Há flocos de neve espelhados no ar
só vejo mortos vivos!
Um mundo cego pela hipocrisia
e tudo é, tão simples!

Oxalá seja este para todos
o perfeito Natal!
Só peço uma caixinha de musica
Para adoçar todos os meus dias do ano!
É pedir muito?

Rosa Magalhães
10 Nov. 2009

enquanto estrelas vão decaindo,

O meu pior inimigo


O meu pior inimigo
é este ofuscado amor louco e imprudente
que por ti sinto
como se fosses tu a viver por mim
a doer em mim
a querer morrer para sempre
como se ver-te fosse provar gelado quente
como se olhar-te fosse
beber licor ardente

O meu pior inimigo
é este amor arrojado e louco
que de ti não desiste
nem que o mundo termine
tu és o meu destino
tudo acontecesse num só segundo
como se dormir não precisasse
como se a feição
o peito trespassasse
como se teu olhar me bastasse
a embebedar-me
O meu pior inimigo
é esse teu sorriso dócil
que me anoitece
que me adormece a dor
que me enlouquece
e que me adorna
é como se uma estrela do céu
me caísse
é como se a lua nem existisse
e o sol
enfim se abrisse
O meu pior inimigo
é este amor louco e sobejo
que me faz febril de desejo
e doente com um beijo
que meu corpo sente
meus pés logram
minhas mãos gelam
é como se o coração
fosse todo o meu corpo
é como se fosse eu
o justo ladrão louco!
Rosa Magalhães
06 Nov. 2009

Dois seres num só coração a querer-me/te!

.
. Dobra-se/me e desdobra-se/me
O coração num suplício só
Talvez fique de novo, se quiseras-me
Talvez vá talvez volte, não sei bem
Enquanto isso, embrulha-se/me o coração
Desembrulha-se/me uma idade só
Ainda nova é a saudade a acorrentar-se/me
Não volto ao antes, não quero o depois
O passado saiu-me de ti, do meu eu
Agora sou mais eu a gostar-te/me
Embora não querer-me nesse ir, não quero-me
Nesse voltar e nem deixar-te/me triste assim
Seremos o ficar-me/te sem sol e sem lua
Sem mim e sem ti
Quero-te, confesso que no profundo do refúgio meu
Toda a quietação do sentir-me/te é querer-te/me
Como um pássaro sem asas a voar-te/me
Prestes a hibernar-me contigo
Nesta gélida estação do ano
Prestes a chegar-te/me
Talvez ache-me a encontrar-te
No abrigo de amor que prega-se/me
Talvez o coração tenha-me olhos teus
Para amar-te/me
Ver-me/te distante é ter-te/me, tão perto
No desejar-te/me desforro-me em cânticos
Que gosto de ouvir
Nos sorrisos teus a enamorar-me
Vigora-se/me um coração entre
O ficar-me/te e o ir-me/te
Cegos, meus lábios secam a ficar-te/me no tempo
Que nunca esqueci-te/me
A promessa que fizeste-me, acolheste
E poder ficar-me de pé
Enquanto entendo-me por mulher
Ser-me-ás o melhor tempo para amar-te
O sol corre e o violoncelo do entardecer-me
Nota-se um estar adoente por não veres-me
No chegar-me da lua à tua noite, peço-te meu Deus
Para acordar-te/me do tempo que foge-me/te gigante
Não posso acreditar-te/me lentamente
O que vai descendo-me por encanto
Sobe-te sem tempo
No tempo, que já foi a volta do ficar-me/te
O amor não partiu do meu/teu presente
Nem a muda de penas da mente
Cresce-te a esquecer-me
Querer-te/me quero, tanto, tanto
Mas sigo vagarosamente insatisfeita/o
Acordo o suspiro solto e sigo-o
Exaltando-o a procurar-te/me
O sol levanta-se e a lua deita-se frente a frente
Não sou-me/te indiferente e o amor
Desembrulha-se/me e embrulha-se/te
A nunca deixar-te/me a nunca deixar-me/te
De ouvir-te/me chamar-me/te pelo mesmo nome
No final será começo
Dois seres num só coração a querer-me/te!
.
Rosa Magalhães
06 Nov. 2009

O futuro não tem fim!

Rosa Magalhães
04 Nov. 2009

Rompem-se raias na fenece do teu corpo / acordo por não acudires-te a quando da aurora / estacas-te por aí acamado no degrau da escada e não ateias laços de poetas nem da canção de escárnio / o futuro nunca terá fim e há uma fogueira lá fora que arde de tédio nos teus olhos a cegar-te / a roda de açucenas é franzina / contas-te labirintos de adultos mal sarados que nada sabem senão o mal de afecto e foges / foges de ti enquanto podes fugir e nessa loucura amarrada entregas-te e omites / há protegidos de Deus há protegidos do diabo / serei o segundo a trazer cabelos castos e lume afogueado no teu ar azedo / declama-se bela prosa em formato de rosa que sustenta a minha calma / teus mares sem marés vivas estão sem fervor / faz-me um favor / voa-te / afora-te por aí como no dia em que ela te note / o degrau de escada está quebrado sem saber-te / já correste atrás do nada e o nada acarretaste / afinal nem olha teus dedos falidos de ataúde numa chama desgovernada que esfriada a obscuridade / não acalentas viva alma e o que sucede aos entusiastas é tormento sem cabeça e coração sem juízo / então adeus / vou-me para que não veja esse estado minguado rastejar por amor como fenece desvitalizado / vou para o lado que vai o vento / amanhã será cedo / vou dormir á correr para acordar a crescer / e lá vai o delinquente empurrado à berma da estrada que não diz nada / adeus vou para lá da porta / vou para lá da lua / lua gigante e iluminada / um céu perfeito onde minha tentação é meu amor amado a querer-me do mesmo jeito / homem com carácter que me leva pela mão e me agarra pelo coração até ao inferno se caso for certo / lá o amor é casto como meus cabelos longos / a sombra que me leve a deixar-me ir e a luz fosca que vejo por terra anda a cair / irei partir para despir todo o sentimento que vai longe / enquanto círios híbridos derretem bebo café sem trazer veneno / de ti vem coração que não ameno / pobre de amargo / insecto paradigma que se apoia noutro / e diz que é por engano como formiga tonta à deriva do pródigo abatimento.

Há festa lá no Céu!


Vamos correr pular e saudar num brinde
porque há festa lá no Céu e os sinos tocam!
As harpas bailam musicalidades soltas
há Santos a beber doces vinhos… .
Cantam-se anjos nas caligrafias do destino
sussurros de operas e descansos calados
em passos lentos…
… ouço murmúrios que falam baixinho
glorificam-se todos os que já partiram
há festa colossal lá no alto do Céu lindo
há meninos, primos, avós e tios…
lá no alto estão meus aliados do Baptismo.
No Céu há cânticos bebidos pela saudade
e em todos nós, um brinde.
Vamos saudar os Mártires com velas que ardem!
E vestes brancas, frutos secos e romãs verdes
porque lá no Céu há Santos em Paz
a honrar convertidos, sarados por Jesus.
Em cada mão, um diploma de prova colhido
por Graça de Deus, ser bem dito e bem vindo
… lá no céu há cantares radiantes e há alegria
para todos os cristãos!
Oh Mártires mortos
testemunhas sãs que abraçastes Vossa Fé!
Inocentes por um oriundo idumeus
… na terra do meu Jesus trocaste águas
por sangue no baptismo!
Vamos sublimar, há festa no céu!
Lá, estão todos os Santos a orar por nós
… e o necrópole
nosso destino certo. .
Há festa lá no Céu
e nas lembranças profundas que ficaram
dos que sempre amei e já não tenho!
Há festa lá no céu e os Santos,
… estão todos lá!
Rosa Magalhães
31 Out. 2009

Do dia p’ra noite.

A cada dia vou caindo na noite escura

como se ela fosse a eternidade.

solto-me do cansaço, como se eu fosse a cair
num poço de pétalas rubras.

A passagem do ontem vem
no que depois do durante sou.
A luz senta-se nos suspiros meus
outrora limites do tempo que não viveu.
Agora, deixei de ser ontem
nem quero ser hoje
nem quero ser amanhã.
não querem marcar esta minha passagem
porque não sou o sonho realizado em mim
mas a força de o realizar um dia.
O caminho que é meu
não quero marcar
pois sou todos os caminhos
do meu imaginário
a minha presença satisfaz-me
num silêncio quase religioso de pecados meus.
A cada dia espero que a luz venha
iluminar cada noite de onde venho, para onde vou.

Todas as coisas que me esperam e não me falam
eu não digo a ninguém
apenas cheiro a luz do movimento que me embala a alma
e a alma traz o sorriso gigante que viaja pelo mundo.

Conheço cada cor de cada borboleta azul
e as minhas descobertas de paz
são paisagens que alcanço no meu respirar.
Reinvento-me a cada entardecer
enquanto meu caminhar vai de pés descalços
trago velas acesas nas delícias sentidas
e os aromas que recebo
são saudades dos tempos da infância.
os espirais são rubras rosas de fé
a criar minhas texturas dentro das minhas poesias
e a noite tem os temperos de cada abraço
que não dei durante o dia.
Meus sonhos são flores
minhas flores são rubras rosas
desfeitas em lágrimas
por cada andorinha morta.
Na noite vou e inspiro o beijo nos gestos de amor
enquanto os desejos são o sol da madrugada
que nunca deixou de ser
o meu recomeço.

Palavras são palavras
se não são escritas, voam com o vento
as palavras nunca recuam quando ditas
e o céu agarra-as para toda a vida
e guarnece todas as estrelas que nele cintilam.


28 Out. 2009
Rosa Magalhães

As origens existências do meu eu
Profundo é o sono que me espreita na claridade

09 novembro 2009

AMorrer de AmorPorTi !

Doutrina-me!
Ama-me!
Esquece-me da tua origem
em mim metade é amor, meu amor
bem sabes, que amor maior inexiste
menos ainda o amor é metade!
Jubiloso sentimento é festivo não triste
tristeza alegre não existe
nem dois corações instigados de coisa errada
nem dizeres ditos, como sina ou destino
o tempo rasga o vento que ensejo
o impulso, não tem abrigo
nem amor tem de ser desespero que peleja
nem náusea o afeiçoado.
Quero voar!
Voar rumo ao meu querer
semear abraços e beijos
para quê, se teu coração
anda a difundir minha alma!
Amor, silêncios mudos, nossa arte
na estrada há um trilho e o desígnio
que vereda vielas a ir ao imenso infinito.
Seremos cansaço?
Seremos o tédio?
Ou a fadiga da pressa!
Não! Não passes à azáfama da vida minha!
Doutrina-me, imploro!
Na ânsia perdida e afã
És quem me castiga o amor vão
entrega-me confidente, tua alma
que o busto desígnio da planície
a mim já não pertence
Ama-me num intento qualificativo
sob alçada do meu domínio
penas e suplícios, tormentos
que bradam o gentil do teu nome.
Olhares por nós são distintos
cortês afável pesar, dor macula
é de novo sonhar-te! .
És quimera guarnecida no meu cabelo
as noites são minhas fantasias
noites...
... minhas noites
ah minhas noites mal dormidas!

E um céu a cobrir-me pelas paredes do gelo. .

Meu amor pode ser inquietação de inferno
sobressalto que te importuna, a querer-me
almejado amor, amor meu, meu desejo
ansiar é teu jeito, meu algemado
a fugir-te exutório!


Mera questão franzina, a seduzir-te
Doutrina-me! O amor pede mérito!
Amor não tem tamanho, tem mais valia!
Será grande desprovido a carecer carecido
se o apreço é estima
é afecto ou castigo e vai no peito.
Ai no peito
no peito, uma só pedra rubra
a nutrir batimento que remexe
vou a esquece-me de esquecer-te
alvoroço do perder-te
no peito vão plangentes os sentidos
lastimável quimera...
ai quem me dera, sorrir-te!
Quem me dera nunca ver a partir-te!
E nem um coração, ama sozinho
e amor, não se deita fora!
Ama-me!
Amor assim tão grande não pode fugir-te!
Doutrina-me
ou então, esquece-me da tua origem!
Vou a morrer-te, morrerei contigo
comigo nesta morte, vou a esquecer-te.
Rosa Magalhães
27 Out. 2009

vinte anos e três passaram!

 
vinte anos e três pasmaram por dois nós

corações dois separados por tempo tamanho
afagos de pós a querer corpos dois
quatro saudades de mãos de momentos despidos
quatro abraços em duas almas pensantes
duas carícias
um dia foram unidas num dois nós
nós dois outrora tu e eu
apartados do tempo suspirado
à fantasia sem um só adeus foram desejos
deambulares por tanto pranto
ninguém esqueceu de nós
jamais nós um do outro
lembraras a cada instante de mim eu de ti
foram-se vinte mais três depois de mim
de ti um tanto de saudade de vida
lágrimas ofegantes por desejos acalmados
a distância outrora vindoura
sem sequer sabermos de nós
tu sem mim
eu sem ti
juntos os dois na eternidade
amor espreita a vontade passada pelo tempo
antes parecer num agora depois
depois de ti fiquei eu sem saber um do outro
noutro jaz que um faz de conta que hoje foi ontem
um inacabado amor a recordar-te
recorda-me na loucura incerta desse amor
que se tivera sabido seria querido
mas ontem é agora e já passamos por
tanto tempo!
Rosa Magalhães
22 Out. 2009

O tempo, anda por aí... a curar a minha escrita

da menção à mansão vai um passo

e mil desejos.
vão formosos os ensejos
e as coisas pardas, perdidas.
trago ofícios na alma mas não orifícios na oração.
será calma rimada de vida
ao encontro da razão que me ensina.
aprendo contigo, se precioso e for teu jeito
sem livros me deito, sob o carisma.
vamos reaver rezas pelo infinito?
porque isto de ter fugitivos demoníacos à ponte quebradiça
é corda que extingue a dormida
onde esvai-se um rio.
as portas não estão abertas às benemétricas!
fecharam a tradição
e do bem transformou-se
os ruins em traição.
Hoje, as luzes tem honra de luta.
o abrigo onde a palavra mora é doar pão.
e o deambulante que se afogou na própria letra
enguiçou de tanta promessa escassa
dentro da palavra cega.
é oferta! é oferta!
Gritam as letras em massa.
todos correm em atropelos!
vão sepultadas as lembranças dos treze
sortes válidas.
ficam medalhas.
recebi breve imagem que Deus me deu.
sem sandálias, atiro ao homem o acaso
porque Deus se enganou no homem que fez.
à sua semelhança não seriam armas!
mas sinal da cruz e de paz.
Deus é poema escrito num talismã
cabeça não é pés quando feridos vão os pés.
há uma cruz e um filho que amas!
isso é paixão!
ah diambólico pensar sem pescoço
uma possessa falta de gosto.
ter como sentença o arremesso às etapas
e um bebe na barriga da mãe, mulher.
há três degraus únicos
que descem amarrados à esperança.
passado presente futuro.
será subida que se alcança
a guardar tesouros com sorrisos.
há nichos de presença
gestos consumidos pela sabedoria.
sobram relíquias
obtusas e os pêndulos no corpo
que chatice!
é emoção?
um povo sensível nas cinzas dos ossos.
lavram-se quarentas e uivam os prados que descrevo.
as biografias estão cheias de erros
imperfeição
não sou poeta!
se poeta fosse, teria exactidão
e beijos feitos dos tijolos.
lamento, mas meus beijos são lilases perfumes de maçã.
propostas?
vamos construir um mundo de afectos!
as palavras nem sempre os provam, tens razão!
e as ternuras andam dispersas...
... nas línguas há relíquias antigas
a roubar meu cristal de poesia!
o tempo?
ai o tempo anda por aí...
... a curar a minha escrita.
Rosa Magalhães
21 Out. 2009

28 outubro 2009

Solto pétalas às más línguas

Católicas são as colônias da melancólica onde bebo cálices de nostalgia e me refresco com o vinho branco das tardes arestadas pelas velas e proas do navio. minhas mágoas ardentes são palavras latinas são correntes tenebrosas mergulhadas em cólicas marinhas. duendes abandonados à solidão das terras submersas em épocas em genes de formas poéticas minhas. mocidade mocidade e apegos genuínos outrora calmarias escondidas nas asas das andorinhas. apócopes fenómenos oriundos de métricas sem rimas já de cabelos carecas pelo tempo que vai passando. os purgantes de fato e gravatas coloridas são lendários vestidos de cronistas desenhados no sofrimento. místicos os prazer levados ao vento e arremessados aos monges narratistas. o sacrário está aberto à espera da chave de fogo e o cantado caótico que derruba o imaginário é festa de rolhas de champagne a saltar esbaforidas de contentes. a saudade vai e nunca volta acalentada à alma dos anseios. trago um cravo numa mão fechada e outro numa mão estendida. a ti minhas asas que voam na partida dos olhares cansados de vertigens onde morro. uma lágrima caída sem ti meu amor. serei fado serei vento serei o infinito lento onde debruço meu ser ás gaivotas perdidas no tempo. destino são asas soltas para amar-te tão somente. a colina que sonho um dia será teu poeta magia sem penas para escrever desolados sentires amarrados à tão sóbria sonolência minha. vejo trovões e faíscas. mansos aconchegos. os cantares dos passarinhos são teus beijos que levam meus desejos. fico-me na saudade do apego que vai há imenso tempo a letrar um amor esquecido no sol e na lua. Enamora-se um sorriso atirado ao mar onde por vezes ando perdida de amores. por entre os salgados desta gente que solta língua de serpente são venenos e próprios desígnios temporários. vão pessoas. conforme o vento sopra. ora estão deste lado ora mudam de direção com frequência. os sinais derramados são solitários amargurados de vida descontente. sobra nostalgia pela noite a dentro vai quente. riem sem alegria sem fado no melindre do mesmo canto ao sabor das pingadas amoras ácidas por entre outros frutos silvestres. dentro d’água existe uma árvore gigante e um destino traçado que não acredito. por encantamento vem a música a bailar nos ouvidos e a batida é ritmo certeiro de relógio que aponta a direção certa. retratos vão espalhados pelas paredes de tons macios. gelados botânicos que vou comendo suavemente pelas brancuras dos meus vinhos quentes que guardo nos fundos da adega fria onde existe um rio de suspiros. engarrafados de perpétuas pétalas rosadas. as plantas são flores de acácias minhas conhecidas nos meus momentos. ai meus momentos a trazer delícias. no escuro da noite há sustos soberbos que se agitam ao pé de uma lagoa. tardiamente chegas pleno de perfeitos afetivos onde te vejo na minha sombra mais que tudo me estima quando acordo não é sonho mas sinceridade.
Rosa Magalhães
18 Out. 2009

Vamos chorar?

temperar as palavras
afrouxar a magia que em nós há
sofro gosto de aromas
e tudo que acontece
quando fazemos pipocas
antes de deitar
verter lágrimas e apimentar
softs chatos e absolutos
fazer práticas sólidas
despertar nosso eu e tu
sermos dois só
fazer boa liderança interna
num elegância fraterna
ter por gentil os bons modos
preservar até o dia raiar

Vamos chorar?


lamentar o inicio de todas as manhãs
morrer no fim de cada dia a chorar por mais
até nosso amor fulgir sem nada cogitar
sem nada sentir no ar de melancolia
no ouvido do nosso ouvir
ai bela sinfonia a açular
na penumbra de todos os sorrisos
trazer luz com velas inacabadas
e namorar na troca de nossos olhares

Vamos chorar?


chorar de rir e criar
clima de chuva
numa linda noite longa
morrer de chorar como a lua
morre do amor testemunhar
na fantasia ter contos ter fadas
com a promessa de sermos felizes

Vamos chorar?

chorar de joviais
como fogosidade tácita
na vontade de gargalhar
vamos lá despertar o amor
o carinho tem fome
a confiança anda a deriva do mar
Vamos chorar?


o desvinculado amor e pensar
que o ideal será afectuosa
Vamos chorar?


De pé que não cai
oscilar entre o que é infantil
poder acordar com o sonho
em mãos para ser feliz
Vamos chorar?


na distância que nos leva o sorrir
em jeito manso que vem seduzir
o delicado do fidelizar
Vamos chorar?

os discretos pianos dispersos
os ventos controlados
os bem humorados
os perfumes insanos
e termos por todo lado flores
como pontos fracos
Entre chorar e morrer
quero morrer de amores por ti
para depois
chorar com prazer

Rosa Magalhães
19 Out. 2009
Vamos chorar?

Baila comigo


Meu não saber me surpreendeu
cuando usted per mí, esperando
num flamengo só teu
danza de placer, a bailar
tão bem me despertou teus
mis dulces sonrisas
ofertados a dois
una danza de amor
á moda antiga

Mi preocupación era a dónde ir?
teu belo é de mão estender
a mí a perder la razón
enrolada em teus braços
el calor, la emoción del amor
soltos num flamengo clamor
y una habitación p’ra mí solo
na tua arte pulsou ritmo só
oh coração disparado
y su voz para decir Oh, no te vayas
fica só mais um pouquinho
la estrella de la tarde Sintilia
o mesmo caminho

(Joaquín Cortés e eu)

há dois corações

y sólo el silencio
o bailado de um só carinho tu e eu
en uno para nosotros para bailar, hasta el día
charme elegante belo galante
flotante la seducción que nunca vio a otro bailar
tão perto de mim e de ti desse jeito
próximos uno mañana, mirando hacia arriba
por mim em toda a parte onde estou
o mesmo deserto de amor que nasce
un pecho, sólo que yo
a aquietar teu abrigo
más de la miel
estarás lá estarei também
en todas partes la mismo mirar
cruzam-se oceanos na lua da noite
a la suya, Felicidad
ficarei sempre a teu lado
cuando oímos perfecto latidos
e suspiros a jeito
Recuerdo que no más
ter sentido antes de ti