09 novembro 2009

O tempo, anda por aí... a curar a minha escrita

da menção à mansão vai um passo

e mil desejos.
vão formosos os ensejos
e as coisas pardas, perdidas.
trago ofícios na alma mas não orifícios na oração.
será calma rimada de vida
ao encontro da razão que me ensina.
aprendo contigo, se precioso e for teu jeito
sem livros me deito, sob o carisma.
vamos reaver rezas pelo infinito?
porque isto de ter fugitivos demoníacos à ponte quebradiça
é corda que extingue a dormida
onde esvai-se um rio.
as portas não estão abertas às benemétricas!
fecharam a tradição
e do bem transformou-se
os ruins em traição.
Hoje, as luzes tem honra de luta.
o abrigo onde a palavra mora é doar pão.
e o deambulante que se afogou na própria letra
enguiçou de tanta promessa escassa
dentro da palavra cega.
é oferta! é oferta!
Gritam as letras em massa.
todos correm em atropelos!
vão sepultadas as lembranças dos treze
sortes válidas.
ficam medalhas.
recebi breve imagem que Deus me deu.
sem sandálias, atiro ao homem o acaso
porque Deus se enganou no homem que fez.
à sua semelhança não seriam armas!
mas sinal da cruz e de paz.
Deus é poema escrito num talismã
cabeça não é pés quando feridos vão os pés.
há uma cruz e um filho que amas!
isso é paixão!
ah diambólico pensar sem pescoço
uma possessa falta de gosto.
ter como sentença o arremesso às etapas
e um bebe na barriga da mãe, mulher.
há três degraus únicos
que descem amarrados à esperança.
passado presente futuro.
será subida que se alcança
a guardar tesouros com sorrisos.
há nichos de presença
gestos consumidos pela sabedoria.
sobram relíquias
obtusas e os pêndulos no corpo
que chatice!
é emoção?
um povo sensível nas cinzas dos ossos.
lavram-se quarentas e uivam os prados que descrevo.
as biografias estão cheias de erros
imperfeição
não sou poeta!
se poeta fosse, teria exactidão
e beijos feitos dos tijolos.
lamento, mas meus beijos são lilases perfumes de maçã.
propostas?
vamos construir um mundo de afectos!
as palavras nem sempre os provam, tens razão!
e as ternuras andam dispersas...
... nas línguas há relíquias antigas
a roubar meu cristal de poesia!
o tempo?
ai o tempo anda por aí...
... a curar a minha escrita.
Rosa Magalhães
21 Out. 2009

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