28 junho 2012


 
O medo da perda seduz a mentira

Talhei arame farpado em torno da vida. rasguei roupa. rompi sapatos e sonhei. dos sabores que fui lendo. hasteei o amor na subida. ténue atmosfera ganha não perdida. idolatrei. amei quem me amou. o resto. mentira. sóbrias defesas. arremessei degustações e sumi. risquei risos famélicos. não pintei o traç...o que meu artista carpiu. fiquei comigo nesta ida e vinda sem saber que ruiu. fruí não fruída e a ti guardei. efémera vida. teu gentil proferiu raias seivas. abraça-me. se deixares de me amar mente-me. não quero a verdade. diz que me amas. eu só quero ser feliz!


trago desejos dentro dos sonhos


Hoje não quero dormir no felpo da tua amargura
antes a partida que a saudade marcante
e ficarás nos meus sonhos

que as rosadas faces de ambos sejam tontas
à noite será dormida num sempre que agora foge
o meu lado melhor de ti

os doces gestos
levemente vento
que me levou para longe dos teus beijos
e teus beijos dormem


agora
nos meus sonhos
que também dormem

essa amargura de insónias
não quero mais meus dias sonolentos
porque gosto de lembrar teus pequenos murmúrios
que o tempo gigante me grita

o amor que nunca me deste
anda longe e perto
tão perto que não chego a sentir saudades tuas
serei despedida breve dum adeus sem promessas
não tenho ansiedades nem tempo
para esperar-te
nem que me deixes teus abraços dentro do livro
a marcar cada página lida

trago pedaços de ti espalhados
estilhaçados dentro do peito
não basta querer-te para amar-te
se longe de mim só tenho a tua ausência

tornaste um presente infinito
que me toca a alma
e me deixa, inquieta
esta ternura qua vai até ao ultimo sonho


por Rosa Magalhães

19 junho 2012

ensaios:
"Textos Dramáticos da Cultura Clássica Grega"

Comunidade de Leitura Dramática
Projecto BragaCult
realizado a 26 de Fevereiro 2012

Leitura pública da tragédia grega:
“Ifigénia em Áulis”
de Eurípides


Fotografias de Paulo Nogueira

"Depois do Salão Nobre do Theatro Circo, a Comunidade de Leitura Dramática muda-se para um outro espaço nobre da cidade de Braga: a Fonte do Ídolo, e aí realiza um ciclo de leituras de textos dramáticos sobre a Cultura Clássica Grega.

Dinamizada no âmbito do projecto BragaCult da responsabilidade da Companhia de Teatro de Braga, e em colaboração com o Gabinete de Arqueologia da Câmara Municipal de Braga e o Theatro Circo, a oficina orientada por Rui Madeira realiza a sua primeira sessão no monumento na próxima segunda-feira (dia 27), às 21h30, com a leitura pública de “Ifigénia em Áulis”, de Eurípides. A obra retrata o sacrifício de Ifigénia, a filha de Agamémnon, de cuja imolação a armada grega, retida na praia de Áulis, depende para prosseguir viagem para a Guerra de Tróia. Perante o sacrifício exigido pela deusa Ártemis, Agamémnon convence Clitemnestra a trazer a filha no engodo dum pretenso casamento com Áquiles. Chegada com Ifigénia, a mãe, ao descobrir o engano, maldiz o marido, enquanto Ifigénia, superado o choque, se oferece por amor à pátria.

As próximas sessões estão agendadas para 26 de Março com a obra “Electra” de Sófocles; 16 de Abril: “Coéforas” de Ésquilo; 30 de Abril: “Filoctetes” de Sófocles; e 28 de Maio: “Troilus e Créssida” de Shakespeare, sempre às 21h30 e com entrada livre na Fonte do Ídolo. Situado na Rua do Raio, freguesia de S. José de S. Lázaro, em Braga, o santuário rupestre edificado no século I d.C. consiste numa fonte de água com inscrições e figuras esculpidas num afloramento natural de granito. A obra foi encomenda, como consta da inscrição situada no topo superior esquerdo, por Celicus Fronto, da gens (família) dos Ambimogidi (Ambimogodos), natural de Arcobriga, que no monumento aparece representado, do lado direito, sob a forma de busto masculino dentro de uma edícula. No frontão estão ainda representados os símbolos das divindades Tongo Nabiagus (o martelo) e Nabia (a pomba). Na base deste nicho brota a referida fonte, cuja água corre para um tanque. Do lado direito, junto à inscrição que perpetuou o encomendante, uma escultura de vulto imperfeito representa uma figura masculina togada segurando em ambas as mãos um objecto que tem sido interpretado, pela maioria dos autores, como uma cornucópia. A figura, como parece ser consensual, representa a divindade. Neste santuário foi ainda encontrada uma ara consagrada à deusa Nabia. Apesar de ser dedicado a deuses autóctones, o santuário da Fonte do Ídolo possui um marcado estilo clássico.

Recorde-se que este Ciclo de Leituras pretende criar o ambiente para a apresentação integral da trilogia “Oresteia” (Agamémnon, Coéforas e Euménides), de Ésquilo, que a CTB estreará em Junho/Julho, com encenação de Rui Madeira, no âmbito de Braga 2012 – Capital Europeia da Juventude, numa co-produção com o Teatro Municipal de Almada, o Teatro Constantino Nery de Matosinhos, o Theatro Circo e o Grupo Dragão Sete de São Paulo (Brasil)."







16 junho 2012

Amor de Pai


À saída da escola, empresário de sucesso descobre seu filho de 13 anos de idade, a comprar droga a outro rapaz mais velho, que agarra o dinheiro e foge.
Paulo não esperava seu pai naquele dia. Aflito, atira a droga ao passar pelo caixote do lixo, entra (com medo) no carro, mas a elegância de seu pai não tocou no assunto.
Rui desconfiado, começa a seguir seu filho, descobre então o consumo de drogas.
Meio desorientado sem saber o que fazer, teve a ideia de se marginalizar.
Entrou no mundo do crime para chegar àquele, que passava droga a seu filho.
Um dia, numa disputa entre criminosos, fica apavorado pelo tamanho da rede que o cercava, resolve comprar uma arma, passa a proteger o filho à distância, afastando aquele que, teimosamente passava droga a Paulo.
Munido de confiança, enfrenta um mundo delinquente e desconcertado. Conquista amizade dos criminosos, para fugir da suspeita começa a consumir, é destacado e passa a vender droga directa, um deles: Paulo, seu filho.
Feliz com essa aproximação, Rui tenta que Paulo desista do caminho: não teve sucesso.
Desesperado, já infiltrado na rede do crime, inventa uma zanga forte dentro do núcleo do poder, é ferido, levado para o hospital: desaparece de cena.
Já recuperado, no seu escritório noite e dia, estuda a melhor forma, capaz de arrancar Paulo do mundo do crime; ficou a dúvida:
- Qual das formas: arrancar o caminho do seu filho, arrancar o seu filho do caminho, arrancar-se do caminho e do filho?


1- Rui (pai de Paulo) suicida-se: acaba com o seu próprio sofrimento, filho sente-se culpado e abandona o crime.

2- Rui (pai de Paulo) mata (Paulo) filho: “melhor filho morto que filho delinquente”. Vai preso, fica sem filho e arruinado.

3- Rui (pai de Paulo) mata chefe do gang: acaba com a rede do crime, vai preso, perde a empresa, vai à ruina, Paulo é inserido num centro de recuperação.

4- Rui (pai de Paulo) pede intervenção da polícia, arrisca tudo inclusive a fuga do chefe do gang.


O público decide…

curta
por Rosa Magalhães



08 junho 2012


Amor: Braille

dissipado amor vejo
em teu olhar
fulgor da lua cheia
chega a vislumbrar
um espinho cravado
a ironia do destino
aqui
à tua espera
espero tardas da demora
ímpeto não engana
só espera
fico tempestade
de mãos atadas à fatalidade
embriagada num orgulho ferido
perco-me
por não saber de mim
contigo a preferir-me cega
não vou ouvir um amor braille
cego de tanto salgado mar
que estrelas nuas
são luas cheias a queimar
vão cair nas minhas noites
sombrias e frias
um coração com pernas
não quer andar às escuras
meu eu num abrigo
sem eira nem beira
nem esperanças
ruminadas de alegrias
o tempo que tudo espera
no mesmo mar
sobejado ânimo
verdadeiro golpe de sorte
é minha sorte
por não te ver
por não te ter
serei mais feliz

por Rosa Magalhães


03 junho 2012

:Fusão (no Amor)



Amor é,
uma gigante união
misturada na fusão
amalgama junção
mesclado na interpenetração


Amor é,
incorporada ligação
a miscelânea da confusão!



Amor é,
uma grande salsada?
Isso não!
é balburdia na comoção
é distúrbio no coração!

Amor é,
abalo agregado à emoção
é alvoroço ondulado
é remorso faiscado
é tudo falhado
por uma grande paixão…

Amor é,
o desassossego rumoroso
o frémito poema da bela canção.


Poemas Online
por Rosa Magalhães



Saudade


nostalgia impregnada
recordações e lembranças da alma
que a felicidade tem
o céu aberto
deambulando no contentamento
debruçados sentires
acanhados olhares nus
Infernos
despidos de ventos
onde a paixao arde de desejo


por Rosa Magalhães


Mortos de medo


Na verdade, vestimos nas costas a cruz que fabricámos e um Cristo morto. Um mundo do avesso, infausto no juízo que nada faz para que tudo isto: mude. Amontoamos na cabeça a ideia que também morremos. Junto do Cristo uma cruz com todos: nós (humanos) lá dentro. Esperança, não vemos. Parece que vivemos num intervalo às pressas, colado na ponta do universo. Dizem: reinventai-vos! Na verdade temos talento mas somos: mortos de medo. Somos humanos ignorantes que ignoram outros que fazem não Deuses. Na verdade perdemos a razão apontando, enquanto temos todos os dedos a direccionar-nos corações encarcerados, mortos de juízo num mundo actual ainda belo. O desejo suprime um virar de história a ficarmos do avesso e enquanto vive o milagre da vida não morre: espera e age.

por Rosa Magalhães



01 junho 2012

Que posso esperar?

Que posso esperar
se às vezes preciso esquecer
as palavras
pressas cegas do meu querer
tudo o que a alma dilacerada por prazer
minhas tormentas
caminhos inacabados, incertos
se ao menos eu soubesse que rumo seguir
mas não, o que tenho mais próximo
é teu olhar que me queima
sou areia desértica
com dedos de vento
janela entreaberta à espera do tempo
e ele que foge-me como vento
às vezes quer-me levar



Que posso ser
senão alma inquieta que pousa nas estrelas
senão tardes roubadas no tempo sem horas
às vezes, o sorrir a correr tão devagar
tão lento a lembrar
rostos quebrados, quimeras indulgentes
lágrimas que as memórias secam
por te amar demais
sou como as noites encobertas
as melodias desfeitas, desajeitadas prosas
sonhos pendurados nas palavras
o que é amar?
Serão beijos que trago pendurados
no amargo da minha boca
incapazes de te beijar
guerra demorada que me faz poço fundo
sem fundo, ânsia, segredos das flores primaveris
e para esquecer-te
trago a alma debruçada no tempo
a descorar o tempo que ainda vem





por Rosa Magalhães