01 junho 2012

Que posso esperar?

Que posso esperar
se às vezes preciso esquecer
as palavras
pressas cegas do meu querer
tudo o que a alma dilacerada por prazer
minhas tormentas
caminhos inacabados, incertos
se ao menos eu soubesse que rumo seguir
mas não, o que tenho mais próximo
é teu olhar que me queima
sou areia desértica
com dedos de vento
janela entreaberta à espera do tempo
e ele que foge-me como vento
às vezes quer-me levar



Que posso ser
senão alma inquieta que pousa nas estrelas
senão tardes roubadas no tempo sem horas
às vezes, o sorrir a correr tão devagar
tão lento a lembrar
rostos quebrados, quimeras indulgentes
lágrimas que as memórias secam
por te amar demais
sou como as noites encobertas
as melodias desfeitas, desajeitadas prosas
sonhos pendurados nas palavras
o que é amar?
Serão beijos que trago pendurados
no amargo da minha boca
incapazes de te beijar
guerra demorada que me faz poço fundo
sem fundo, ânsia, segredos das flores primaveris
e para esquecer-te
trago a alma debruçada no tempo
a descorar o tempo que ainda vem





por Rosa Magalhães

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