09 novembro 2012


Sou!

Sou!
O que mais quero de mim
O que mais sonho para mim
O que mais espero
De mim sou.

Sou!
Ser incompleto ainda
Em crescimento ainda
Um pedaço
De sol com chuva por dentro
Sou o que ninguém faz por mim.

Sou!
O terrível sentimento
O quebrado desmoronamento
Que se vai
E que fica endireitando
Feliz sou
Sempre que te avisto.

Sou!
O que um olhar pode ser
Tudo que um sorriso pode ter
Pode tudo
Nas mãos cabe o mundo
Sou o que falta ao mundo
Sou o que falta no teu mundo!

Sou!
Em ti e num sonho
Ainda por perceber, sou
Quem quero amar
Em primeiro lugar
Depois dos ventos
Depois das tempestades
Os temperos certos do chegar.

Sou!
E terei meu sonho
Volteado para cá
Não para lá
Que me lançará ao meu
Mais elevado e voltará
Dentro da tua estrela
A mais bela
Aquela que te cintilar mais.

Sou!
Aquela que te adora
Sem pensar
Mais não poderei ser
Senão meu ser
Mais que noites
Mais que dias
Mais que Verões e sinfonias
Mais que vazias noites.

Sou!
Sonhadas brisas
Mares marinhados de carinhos
Os sentidos dum lindo dia
Sentinela do amar
O dia, esse virá para te amar
Para me amar
Para ficar
Para nunca mais ser nunca
Nunca mais ser venda
Em nenhum olhar.

Rosa Magalhães

08 novembro 2012


as minhas pedras




ao longo da vida vi
pedras no caminho
apanhei-as
joguei-as fora
outras, guardei num baú
fechei-o à chave
nunca mais abri o baú
nunca mais olhei as pedras
mas: imagino-as iguais
tal qual eram no dia que as vi


 




 
ao longo da vida vi pedras no caminho
ignorei-as
meu eu disse-me: esquece-as!
esqueci.
não me iam fazer bem

ao longo do caminho não vi pedras
andavam disfarçadas
tropecei e caí
os joelhos feri
mas nunca me arrependi:
cresci


Rosa Magalhães


chuva de pétalas

caem-me pétalas
no auge da minha cabeça
nas mãos
pedaços de árvores
cobreadas boninas
um peito equino
um mundo tristura
estaturas bolorentas


sapiência, cesto vazio
pávido rosto, disfarces
caídos nas mãos dos ventos
o delir a sangue frio
enquanto isso
pétalas estão decaindo
no auge da minha cabeça




 
Rosa Magalhães