19 setembro 2010

o homem carrega aquilo que faz

Arrependimento com orgulho não deixará polir a desculpa obrigatória e para chegar de volta à mestria vai dar muita fadiga! Mas foi tudo necessário.



O ser humano tem necessidade de ver o que faz e achar que o mais perfeito da inteligência humana já estava feito!



Agora resta a duvida que vive preocupada de remorsos em provar que não estava errada!
 
 
Rosa Magalhaes

03 setembro 2010

Sossego

Goteia-me e escoa
dos dedos
a tinta
com que te pinto
por não te saber falar
escuto
sublevas-me
na paz isolada
enquanto durmo
no sossego
mais escuro
estrofes
furto de perfumes
que cintilam
no meu orbe
o cosmos que sacio
vagabundo
beleza rara
pura e fria
dum olhar
em teu olhar
me traz ao mundo


Rosa Magalhães

Silencio

é colosso o silêncio
e emudece-me
e cala-me
...então escuto-o
e silencio-me

ajusta-se à léria
da melancolia
que doçura
zoada em meus ouvidos

leve e lidos
versados na fantasia
silencio dos sons brados
belas poesias

ouvem-se os lírios
mais que profundos
silencio colosso
escuta-me
e fraseia comigo

musica tocada ao vivo
nos meus sentidos
afecção
nas cordas do violino

e vai brando
o sono fundo
pauta das melodias
ténues cantigas
vagas num só segundo

delicado amor
canta onde durmo
vai formoso
fólio pautado
de veludo

Silencio alegado
sonhos ledos
calados e raros
quedos e mudos
ao sabor dos ruídos
moribundos



de Rosa Magalhães

Profundo

Toca-me o silencio
E do que não exortas
Brado num sussurro
Não murmures o profundo
Que é silêncio, não alude
Apenas ouve e escuta
O ensejo do meu tempo e amigo
Toca-me o silencio
A quimera vã que pára e voa
Asas com luvas sabedoria
Calma serena e tranquila
A energia sã que me apazigua o dia
À frente de mim mesma

Rosa Magalhães

02 setembro 2010

Injustiça!

Há sempre um tal lugar ameaçador e injusto
em qualquer lugar.
Um lugar desconhecido que nos alcança
...e sem darmos conta, temos de suportar.
Um tal lugar insuportável de aguentar
mas aguentar o insuportável na verdade
é desgraça para quem a injustiça faz.

Há sempre um qualquer alguém que é injusto!
Que fere rasga queima e mata, mas vamos relaxar…
… porque o maior infeliz é o injusto que injustiça faz.
Isso consola, mas não satisfaz.

Há sempre um tal lugar
que não sabemos onde a injustiça está
injustiça atrai injustiça e ponto final.

Mas há!
Há sempre um tal lugar dentro de nós
onde a injustiça não cabe
nem a coragem foge
a enfrentar esse lugar!
É que a honestidade está mais acima
E desse lugar é preciso punir a injustiça
Dar cabo dela para com ela acabar!

Rosa Magalhães


01 setembro 2010

O desassossego do Poeta!

Cobre-me!
Cobre-me do manto branco e traz-me,
traz-me a enormidade que brilha
...no teu olhar. Ilumina-me,
ilumina-me até o dia raiar
ilumina-me a alma,
a quimera da temperança
nesta estação do nada, esperança-me
esperança-me!
Esperança-me na tua esperança
inacabado aprazer de madrugada eterna
faz de mim tua amada,
tua graça e cauciona-me,
cauciona-me! Cauciona-me nova era
e que seja ardentemente belo esse lugar
mas não deixes de orvalhar,
rega-me flor olorosa
rega-me! Rega-me como terra sequiosa
e nas horas mortas dá-me um abraço,
abraça-me, abraça-me e acende,
acende-me essa fogueira
que vejo arder no teu vislumbre,
afogueia-me com teu olhar,
com teu ar de lua cheia e reza,
reza sem embaraço e acena-me!
Acena-me nem que seja a única vez,
acena-me com teu jeito dócil
numa cena qualquer, acena-me
muda minha arena pigmentada da cinza cor
que vai de marcha lenta
como se fogueira fosse ardor
ou forma gritada que grita, grita-me!
Grita-me sem medo e sem medo
da serenata arriscada da alvorada
donde nasço cresço e morro, mas grita
e canta, canta-me rios brados
de segredos enamorados
mesmo que iludidos
em esgrimas querelas desiludidas
mesmo que dedos esbarrem paredes
com taças de vinho branco,
e morde os momentos, morde-me se morro a vida!
Morde-me! Até que sinta que valeu a pena
e deixa, deixa que dedos soltem
os cabelos do vento afável enquanto morro
afundada em tuas lágrimas dolorosas,
mas abraça-me, abraça-me o encanto
enternecido, voraz e alheado
esquecido sentimento e faz da temporada
uma luz amais e serena que escurece meu dia,
escurece minha alma, escurece-me
quando a noite cai vazia e triste, fria
renova-me. Renova-me!
Renova-me noutro dia fora desse frio orno
e traz-me, traz-me de volta ao desassossego dúbio
mesmo que dissemine num espelho
esse teu afastado horizonte.


Rosa Magalhães