27 fevereiro 2010

Sei lá gritado!

Esqueci de ti
sei lá porquê!
Ocupei meu corpo
e à mente
arremessei-lhe, teatro
ontem fui papel feliz
num sorriso alongado até hoje
lembrei ao sentir saudades
sabes, senti saudades!
Sei lá se me ouves!
Nesta volta vi que a tudo escapei
lembrei, ouviste?
Lembrei e cá voltei!
Aqui tens a pegada da minha ausência
e uma mão cheia de nada
num um olhar, distante
estou assim, quase perdida
no sorriso de um palhaço
sei lá se volto!
sei lá se vou!
Já não sei o que sou!
Ouço o actor cá dentro
dizem que é mentecapto
e dessa louquice eu gosto, não!
Adoro e amo ser mentecapto!
Adoro ser louco
Adoro gritar o mesmo nome
Sei lá! Sei lá! Sei lá!
Gritei, e pronto!



(imagem da internet)


poema publicado no Blog "Sei lá"
um pedido de desculpas pela minha ausência...

23 fevereiro 2010

Parti para outro porto

Não comi palavras! Só letras
letras tontas que trazia no pensando, almocei já tarde.
No dia de ontem jantei calada, estava só, fui adormecer a madrugada ao som do cantarolar da chuva.

Quase morri de apetite
por isso, comi letras com molho d’ alho.

Palavras?
Não me saíram no fogo como esperava.
Amar é sério demais para exprimir um pequeno gesto que seja.
É sentimento tão bom como aquele sorriso de criança
… vejo rostos simpáticos, ali, além… transparentes no espelho
este espelho que traz o clarão dos teus olhos
e voz, a voz melodiosa que me atira ao ser mais calado de mim.

Dentro daquela peça de teatro,
extasiada! Pareço-me estar dentro do futuro perto
só existe uma utopia no que me vai cá dentro.

Amor não é compra de supermercado!
Amor não é venda exposta de farmácia!
Amor não são as páginas do livro que rasgo num sufoco, quando estou quase morta de cansaço! Nem o incerto do dar-te e receber-te como troca
isso é troca de mercadoria. É preciso intensidade!
Por isso,
acordei triste dentro de uma poção mágica dada em dose certa

Vou a voar,
voar mar adentro como a gaivota sem vento a sair do seu porto.
A mesma cadeira, a mesma caldeira
fiz-me sentar à mesa de novo num novo agora sem prato e sem bebida quente.

Tranco-me!
Tranco-me no escuro do meu silêncio
ouço a chuva cair arduamente
como as pedras de gelo atiradas ao copo e me apunhala o peito.

Oh tristeza inútil vai! Vai nessas asas soltas…
… exuberante!

Hás-de conseguir chegar ao teu ponto máximo, nem que me tombes!
Hás-de sentir que farás de mim um ser, mais ameno. Depois,
depois dessa tempestade toda sei que o tremor será ausência
e virá o fogo para dela poder partir sem mais desejo de ficar triste.

Porque há noites assim assim a queimar o que somos
como se fosse algo intenso quase eterno e sem pressa.
Hás-de ir até que a madrugada avance a cansar os desejos
mas que sejas tão sóbria como eloquente!

Logo, 
logo vou vestir-me de gala e sapato preto.
Vou comer todas as palavras que não te disse ontem!
Vou beber todas as letras que ficaram suspensas
na minha sopa de legumes arrancados do pensamento.

Logo,
não quero ser poeta!
Não quero fingir que sou…
… serei poente com nortada forte
e hilaridades risonhas…
… almoçarei ainda à noite, sem ti
mas jantarei no meio do meu dia seguinte, feliz.

À mas depois,
irei repousar de novo para adormecer como os pardais a dormir nas searas, escondidos nas ânsias dos sonhos.
Os sonhos que me embriagam os suspiros redondos e doces…

... neste explosivo caderno demente
que me abraça tão ternamente!
E nos teus braços irei saber que te estimo tanto!

17 fevereiro 2010

O menino de aço...

... somos atraídos e atirados brutalmente para a inovação da alta tecnologia com superabundantes capacidades de robotização, essa é a paixão do ser humano! Não será difícil carregarmos chips no pescoço como cães e comandados por via satélite, ter cpu's e circuitos internos que nos comandem e a gente obedeça, tudo está a um passo do futuro! Também não será difícil inverter essa realidade! Fazer robots amar seres humanos já se faz no planeta. Neste caminhar tão acelerado com tanta informação e novas tecnologias sempre em constante inovação, o ser humano não vai mais conseguir amar o que inventou! Será a tomada de posse do robot e altas tecnologias a tomar sobre ele, e lhe irá destruir os sentimentos e acabar por robotizar o próprio ser humano que passará por um deles, de tanta paixão e fascínio pela sua criação. Maravilhei-me num escrito de menino de aço cheio de emoções e desejos de ser humano, cujo sonho era ser um simples artista de circo...

escrito a 10 Fev. 2010

16 fevereiro 2010

Apaixonei-me ontem!

Amanhã, acredito em ti, prometo…
... hoje não!
Apaixonei-me ontem por palavras
e hoje, estou feliz…

Amanhã vou escapar
ao dia triste que passou…
... apaixonei-me ontem por teu alegrar
e hoje, entrego-me à solidão!

Amanhã irei mostrar que sinto o sol
prometo! Hoje não.
Apaixonei-me ontem no teu rosto
que vi reflectido no meu…
 Amanhã quero voar bem longe daqui…
hoje não!
Apaixonei-me ontem
e hoje ganhei uma fábula contada
por mil arenas de amor.
 Amanhã vou procurar-te, juro!
Vou procurar-te!
Apaixonei-me ontem no teu acordar
a ver-me presa a ti…

Amanhã vou deixar-te chegar, mansamente…
hoje não!
Apaixonei-me ontem
dentro dos teus olhos cálidos
e hoje, deixo-te partir.

Amanhã aquieto de escrever!
Vou morrer sem palavras, mas hoje não!
Apaixonei-me ontem
e hoje o sonho esgotou.

Amanhã vou cobiçar as estrelas
e a dolência não vou ter…
... apaixonei-me ontem
e hoje perdi a razão nas juras que te fiz!

Amanhã vou ser mais feliz! Vais ver...
... vais sentir, hoje não.
Apaixonei-me ontem por ti
e hoje esqueci de mim.

Amanhã vou ser acácias no jardim
... não duvides!
Apaixonei-me ontem
e hoje os enigmas calados
afadigam-me.

Amanhã o dia vai dobrar lindo
sem saber que te amei tanto!
Apaixonei-me ontem
e hoje o meu dia nasce novo!

Chá dançante...

(três amigas e um homem)

Não sei porque te enciúmas assim tanto!
Só o tenho como amigo e já nem nos víamos há imenso tempo…
… esse teu sentir só de ti vem, e vai aquém do sentimento.
Pareces-me insegura!
Inegavelmente já vi dentro dos teus olhos as rugas da tristeza
que te vai a matar por dentro…
… já matou outra vez não foi? Decerto irá a matar-te de novo!
Observo-te enquanto saúda-me na chegada.
Ficas sempre tão silenciosa.
Parece que perdes as palavras por entre olhares estupidamente apaixonados e negas com juras.
A tua amiga na vez de acalmar-te os ânimos atira-te dúvidas!
Faz cenas para atentar a vigilância dele, e não vês.
Apercebo-me que existe um querer forte em afastar-me.
Como se fosse minha culpa.
O que vejo são duas amigas a querer o mesmo homem.
E ambas receiam ser meu querer no mesmo.
Sinto-me presença que perturba e não gosto de ser indesejada.
Ciúmes parvos sem nexo é fazer mais um estrago.
Já visto no passado! Cheiro-vos na distância.
Tens denúncia declarada no comportamento dos teus olhos.
Caras enganosas e amizades falsas, não me seduzem.
Mas que insegurança por causa de um homem!
Magicais que nele há um querer-me, mas é só enganos.
Não careço desse ambiente baixo.
Nem seria capaz de amar alguém depois do que observo.
Duas amigas a querer o mesmo e ambas a pensar que igualmente quero!
Já deviam conhecer-me e isso entristece-me, profundamente.
O medo da perda vai acabar nisso mesmo, mas não há-de ser minha culpa!
Sentado à mesa, calado…
… apenas ouve conversas da treta e risinhos parvos e vai sorrindo e entrando em conversa de vez em quando…
Entre as duas, uma corre e outra afasta. A afastada sou eu!
Consigo ler até nos olhos e escapa-se da boca duma a celebre frase:
“que tem ela que eu não tenho?!”
Três amigas e um homem, duas atrás e uma distraída.
A distraída sou eu.
Garanto que não será minha presença a provocar sua ausência.
Estas mulheres são o diabo e contra mim falo, que vergonha! Acabam sempre a estragar amizades. Se fossem inteligentes não teriam mentes férteis…
... mas o tempo voltará a sorrir novamente e aí estarei sempre ausente, quando voltares a querer chorar no meu ombro.

... por causa de homem duas amigas afastaram uma terceira, com medo de serem roubadas e no entanto, ambas desfrutaram-no sem nenhuma delas saber…

uma história contada na 1ª pessoa.

escrito a 15 Fev. 2010

Dia dos desesperados!

Mas que seca, ter de festejar o dia dos namorados!
Ele chega com fato cinza escuro e gravata cor de laranja.
Não, não pode ser…
… ainda por cima, o Porsche descapotável do pai!
Lá tenho eu de vestir aquele vestido que o seduz.
- Hoje pus aquele colar de brilhantes que tu me ofertaste no aniversário!
(digo com sorriso matreiro)
- “Estás linda meu amor!” com um beijo na boca e aquele sorriso feliz.
Que tontos!
Até parece que nunca se tinham encontrado antes…
Um passeio pela praia de mãos dadas.
Brincadeiras tontas, a luzir sem sol…
… e quem passa?
Ai quem passa a achar deveras estranho…
uma velha, feia, de chapéu enfiado na cabeça, que se apoia numa bengala…
- “Não tem vergonha!”
Foi beijo prolongado a provocar quem passa!
Depois,
aquele ridículo jantar à luz das velas e as juras de amor… uma coisa!
Para quê tudo isso se não é para manter!
Só fantasia, finge que é amor e prepara-se na dor …
… amanhã nem vai ligar a perguntar se dormi bem!
Será que homem é todo assim, tão igual?

escrito a 14 Fev. 29010

14 fevereiro 2010

Conversa íntima

Acabei de falar comigo…
se não fortaleceres bem
podes perder-te!
Nada será aquilo que te parece
e mexer com a ordem racional das coisas
poderá ser um roubo!
Então,
o melhor é ir jogar ténis
que dizes?
Pois,
já sei que tens uma estante de vergonhas
na vez de livros, lá na tua casa.
Onde guardas como recordação, as coisas erradas.
Devias saber que nunca peço
a nenhum rapaz para falar a sós
sempre pensam em problemas!
Não compreendes as palavras que te digo
porque não sabes!
Não sabes que compreender é entender
mas não entendes!
Sabes que tenho uma paixão por carros de corridas?
Mas é sempre preciso arranjar, um ponto em comum.
E não foi o que imaginei!
Descobriste que tenho um leitor de mentes cá por casa, por isso senta-te aqui ao meu lado
mas não buzines, senta-te!
Nas corridas de carros não se buzina!
Desculpa, não tenho estado no meu mais descontraído eu, para dizer-te o que sinto…
queria tanto causar boa impressão
mas não sabia como o fazer!
Na verdade somos uma boa equipe!
Agora que estou só... bem,
vou lá para fora olhar as estrelas
como fazem as patéticas raparigas.

13 fevereiro 2010

Diário

No meu diário
só penetra quem eu quero!
É onde grafo coisas tais
que engendro…
… raias histórias
… estupendos amores
… volúpias e dores
que vou desenhando
assim,
são meus enredos
do Imaginário…
… arquitecto fantasias
e onde tu entras, é parte feliz!

No meu diário
tem mil apólogos traçados
e milhares de quadros
… régios criados!
Lá tenho tudo o que quero
sem ninguém ver …
… um boneco de estimação
… um cobertor de agasalho
e tu meu rei és meu herói
… no meu diário
entro e saio…
… sem hora marcada
sou uma magia pensada
e tu o meu grande amor!

Como escapar da morte?

Sorrio à vida como se fosse uma pluma de alegrias,
mas no profundo há sempre motivo a ver-me assim, triste.
Parece que há sempre uma razão para chorar de dor.
Há sempre momentos desolados da vida, a sorrir-me.
Se corro, corro tanto mas tanto pelos dias,
pareço aflita em busca de uma giesta em flor que vai com o vento...
... mas sempre corro sem pressa de chegar ao esplendor.
Assim vou escapando às horas mortas da minha dor
e adoro-me, definitivamente adoro-me! Como a ilusão adora iludir-me, numa causa que nem existe!
Se há ilusões dispersas na aflição, em mim não!
Tudo é pura imaginação e o castigo a culpar-me
como se fosse o meu próprio carrasco a matar-me
quando nada de nada há para sofrer
senão esta sorte que tomou o meu lugar.
Não há duvidas, trato-me bem porque de mim gosto
e mesmo na fraqueza da força, aguento-me
como fortaleza de soldados armados que não sou.
E mesmo sabendo-me ser alegre ou triste sou
o pior ser insuportável habitado em mim!
Agarro a coragem que me inventa a ser tudo
a ser nada e apenas divago, num prazer escondido pela mente...
e não me safo da morte se for mais amada
não me safo da morte se for a mais desejada
e nem escapo da morte por ser assim...
... tão quieta de sorrisos.

escrito a 12 Fev. 2010

11 fevereiro 2010

Por

Por ti corria mares e rios
e voava só para ver-te

Por ti guardava o melhor dia
que me deste

Por ti segredava a noite
dentro dum lugar secreto

Por ti dava um olhar fulminante
a desejar-te

Por ti saboreava
o doce amargo do infinito

Por ti abraçava
o aconchego dos teus braços

Por ti derretia a chuva fria
dentro dum glaciar gelado

Por ti trazia
os aromas da lua cheia para cantar-te

Por ti dançava os beijos da música
na minha cama

Por ti silenciava o fogo que te queima
na soma da minha chama

Por ti findava
medos nas utopias sagradas

Por ti transbordava quimeras
em mitos fascinados

Por ti voltava bebida em licor
para esticar essa noite

Por ti atendia o flash da felicidade
tão apaixonada

Por ti lembrava sonhos petulantes
e desejos a consumir-me

Por ti enlouquecia de novo
tantas vezes
para cansar-te
as lágrimas e os sorrisos

Por ti deambulava nas emoções
e calava o inexplicável

Por ti tropeçava em mim
a falar baixinho no teu ouvido

Por ti abalava o mundo inteiro
num grito terno de prazer louco


Por ti despia-me
nas ondas duma canção grega


Por ti
tornava-me deusa
para amar-te

Amor ou Sexo?

Acordaste-me
desse teu jeito...
... embaraçado!

Entre abraços e beijos
do teu
meu desejo...

... ternos olhares
declarados de amor
no eterno.

Por entre fogueiras
o nosso corpo, ardendo
em palavras soletradas.

Pouco a pouco
quase nada...
...no tom
baixo
que fomos falando.

Permanecemos
de encantos...
... por entre os campos
do trigo e do milho.

Passeamos
por jardins coloridos
tantos sorrisos.

Sorriste-me
quase, enlouquecido
os olhares
fomos trocando...
... assim
permanentemente
tão soltos
tão belos.

Calados bebemos
todos os beijos!
Os dedos
por entre os meus
longos cabelos...
... desenhamos em nós
um rio manso
e por vezes
bravo!

Um amor declamado
em tantos versos...
... foram saindo
desse embaraço
de mil cores, presentes.

Amei-te?
Amaste-me?
Loucamente...
... de que jeito?

Tu

os rios são lagos
Tu
candeeiros
os rostos imagens
Tu
minhas margens
as flores são pétalas
Tu
desertos áridos
os sorrisos são águas
Tu
ponte e paragem
o amor é lindo
Tu
miragem
a luz é entrega
Tu
sol e lua
o sonho é voador
Tu
viagem
Tu
rastro
Tu
astro
a vida
tão passageira!

10 fevereiro 2010

Deambulando

Deixei lá atrás da vida sonhos que desejei mas não tive nem quero mais. As lutas trilhadas foram desgastes de equivocados que fugiram a dar lugar aos sonhos novos, o florido dos lagos de intensidades. Quando deambulei de olhos fechados por todos eles, desejei tanto e não tive. Fui esqueleto sentido no corpo quebrado e fiquei-me nas marcas do tempo que foi passando. Não quis recordar mais aqueles sonhos não alcançados, e o que sobrou de mim foi tempo perdido dentro do esqueleto que me suportava o corpo ardente de desejo. De uma coisa me alegro quando olho no espelho do tempo, por não me ter matado assim tanto. As rugas que ganhei até aqui, são momentos que vivi de lágrimas que me secaram, por isso não choro mais mágoas nem por sonhos que ficaram nas sombras, tudo deixei lá atrás da vida. Não quis nem lembro tamanho querer e nem quero ir a lado nenhum, apenas o coração comandou a vida como um soldado de armas fui amor que ainda trago. No caminho perdi-me nalgumas saídas de mim, vagueei por desejos repletos de quereres que também me fugiram nas noites tidas de insónia. Perdi tanta coisa por não querer agarrar e mesmo estando de mão estendida, fugi a não desistir de socorrer-me quando a alma mais me pedia. Fui procurada e ninguém conseguiu encontrar-me. Fiquei perdida no mar da vida e vi simples jardins e o perdão da realidade, nunca fiquei vazia na espera do que nada esperava, tive sempre o que nunca procurava. Assim foi até aqui a trazer-me aquilo que mais precisava. Há coisas destas assim tão inexplicáveis. Arrumei-me das coisas que me foram partindo aos pedacinhos, restou-me a sobra que de mim foi sonho perdido a proteger-me. Sempre entendi a vida desse jeito sóbrio que me dizia suavemente quando não alcançava os sonhos, não passa de um golpe de sorte. As montanhas que se ergueram teimosas fui contornando, do meu caminho colhi pedras indesejáveis que arremessei às bermas do infinito, tive o meu sol tépido. Na esperança de um dia partir num de tantos sonhos, saber ter outra história melhor do que aquela que deixei lá atrás da vida, consola-me. Agora saboreio sabores doces e leves que me tomaram tão especial para mim neste cercado de cada instante. Gosto de passear-me no passeio do presente que tenho nas mãos, sempre aparece uma flor mais amena e sorridente que me enlaça de carinho. Não preciso mudar de lugar nem procurar nada. Quero repousar a cabeça e sonhar sonhos lindos e novos, para nunca cair nos pesadelos que tem a vida. Assim vou seguindo o destino de alma erguida, a estrada teima-se longa, como o alcançado da borboleta solta à procura da alvorada do tempo que está para chegar. Vivo acordada do sonho, no entanto sonho perdida de amor que me cerca. Fazer dos jardins meus recantos coloridos é tudo que mais quero da minha mente, tenho todas as flores à minha volta a fazer-me companhia e tu ousas seduzir-me. Hoje sou soldado em busca do paraíso já alcançado, não sou pecado. Apenas vivo acreditando que meu amanhã virá mais lindo ainda, com tudo o que não tive e fui deixando lá atrás da vida. E quando a hora chegar quero ser anjo e saber dizer que valeu a pena não ter desesperado por coisa nenhuma.

mente XVI

Tropecei numa rã que me anunciou a tua vinda e a sorte levou-me a rainha, fiz-me tua mulher. Por instantes duvidei como se fosse uma ilusão perigosa de amor pela seta mal lançada que me trespassou. Nessa dúvida, alcancei um raio de vitória e fiquei desalojada quando te vi rastejar por amor num papel de novidade, como se fosse remédio e tu, um remo de som. Em ti havia uma raiz de rancor secreta e uma receita de amor cuidada ao pormenor. Em mim o poder do relógio astuto de hora marcada e o nosso rio transbordou de paixão. Dessa riqueza emana êxito pelo bilhete da tua chegada que não te levou! O amor não se inventa no corpo sente-se no coração de uma ilha deserta entre inesperadas correntes que a vida agradou.

escrito a 09 Fev. 2010

08 fevereiro 2010

mente XV

Roubei-te um cristal de areia no teu deserto que não tem fim e correste a salvar-me do pesadelo de amar-te, causaste-me dor grande por não querer ser, tua Primavera.
Roubei-te um cristal de areia do teu deserto, aquando acorrentada ao teu querer que me causou dor de amor assim, tão leve como uma pluma verde nos recantos de uma esfera.
Roubei-te um cristal de areia e tu a mim, aquela alacridade do poder ver-te imaginado na ponta do arco-íris, a beber-te água de um rio.
Sofri por ti, e tu por mim?

mente XIV

O amor é uma flor do campo que desabrocha dentro de um sonho. O sonho é um passo dado nesse universo a um passo de distância, entre os pés e as mãos do pensamento.

mente XIII

Não careço escrever, nem das certezas de conseguir com as palavras mudar tudo, há comportamentos não humanos para estudar, por isso vou entrar na moral de cada ser e deixar lá dentro uma pitada de perfume. Para despertar a regra do amor universal hei-de voltar a nascer sem rotinas, sem colapsos e sem mentiras! Não careço escrever nas tardes frias do lugar, de onde fui embora há ausências a contestar uma saída do tempo gradativo, puro distanciamento, mas o sol predilecto tornou-se ficcionado sem corrupção a carecer mudança nos individualismos. Esta realidade é trânsito escasso nos bons exemplos.

06 fevereiro 2010

mente XII

As estradas do meu olhar são luzes azuis e azuis, todas seguem uma direcção. Ao fundo, uma viagem rumo ao mar e de lá saí já noite com horas certas. Meu olhar uma lanterna escassa de escuridão e tu, o amor que nunca me deu a mão. Está tarde! A hora adiantou e o sinal surgiu esperado rumo ao céu. Lá, foi o único lugar de encontro.

05 fevereiro 2010

mente XI

Ouvi duas estrelas gritar e caíram durante a manhã. Aterrada, corri a proteger ambas mas fiquei impotente. As estrelas alagadas de sal, ajudaram-me a sair dali. Ensinaram-me a olhar o espelho, a ver-me a mim primeiro e o espelho partiu de tanto sorrir. As estrelas voltaram ao céu a iluminar-me.

mente X

A importância segurou a mão que trazia-me calada, no lado esquerdo. Alcancei-te só em olhar e passei bom tempo no final da tarde com delícias carregadas na outra mão, aberta. A linha não ultrapassou, nem muros delgados e esbarrei paredes a fingir-me morta. Gostei do sentir e adormeci a noção que me guardou na outra, esquerda, como se fosse a segunda vida depois de mim e enquanto lá estive, não quis voltar atrás, nem sair dessa morte.

mente IX

Interessei-me pelos sentires e emoções, saí dessa inércia com respostas inquietas donde sobrevivi. Tudo me movia nesse livro numa abordagem aplicada, uma inteira evolução. Naturalmente, descobri que não falava de mim e quebrei obstáculos num cigarro pautado pelo desassossego. O cigarro bebido pelo subconsciente de todas as manhãs era palavras que não te li.

mente VIII

Vesti o fato da alegria. Já não suportava mais o mau humor que carregava e nunca cheguei ao fundo. Em mim teimava um zero que me fitava, cheguei do futuro a frequentar risos todos os dias, como se fosse o primeiro passo dado, depois, como se eu fosse o último. Esqueci-me do que trazia na lembrança e não encontrei Pilatos distante de mim a escassear-me cabelos e sonhos rotos.

mente / VII

Ajudei escassas verdades e ousei capturar-me do insuportável. Ergui uma estátua sem transtornos e atingi picos elevados da consciência. Na verdade escapei-me do externo que me circundava. Vida não se rege num incerto nem contentamento de um só desejo por uma só parte.

mente / VI


Queria ser sábia a ler tua mente, mas não sei da coisa certa nem da vontade que tenho. Percebo que acordo os dias como se fosse ano passado. Resumi-me à vida do simplesmente querer ser palavra nos pequenos nadas. Mais não quis filosofar. Perdi-me de encantos soltos que soletrei no dia que não te vi chegar.

mente / V


Sumi, sumi de mim para evaporar-me no ar que sobe. Quero sentir-me passagem e voltar chuva a cair noutro lugar melhor que a vida. Quero o inerte, baixar os olhos e cruzar braços e pernas. Decidi o que fazer nos seis dos próximos meses, postei um texto inequívoco sem idade lá mais à frente de mim, bem mais à frente o quando pude. O dia, há-de ultrapassar-me de vez em flor e pétalas espalhadas pelo chão, e no delírio, um tapete. Na tua frente eu em ti a nascer numa semente.

mente IV


Se amanhã não existe e o ontem foi-se embora, hoje tenho o que me consola, lagos de nenúfares. Posso ponderar a morte que penso ser e caminhar por mais alguns anos neste passeio. Estreita-se o que me segue e na tendência, fica o instável da mente humana não minha! Meus instantes, são-me estáveis momentos.

04 fevereiro 2010

mente/ III



Os horizontes foram densidades infinitas de reflexos afinados, quando saídos de mim. Caminhei na existência como se fosse um presente cruel ilusório e fui descobrir um futuro próximo do meu.

mente II


Perdi-me inúmeras vezes nos encantos onde encontrei-me nova. Meus ideais foram um filme guardado num passado cruzado de histórias fantasiadas de dona preta e os devaneios gratuitos, sem nadas antes e sem nadas depois, foram Big Bang cansado de bater o antes e o depois.

mente/I




Arrisco dizer-te, que a passagem pelo universo tem uma sala no mundo. Uma sala de espera para recordar essa estreia. Há o motivo fantasmagórico que chama e não lembro de ter dado passo errado nem de vê-lo noutra altitude.

03 fevereiro 2010

Ser Amizade

Todos nascemos
com o mundo nos pés!

Mesmo sozinhos
podemos rir de uma só vez!


Não tem de haver só tristezas!
Não tem de haver só amarguras!


Quando a tristeza vier
terei meus amigos para me alegrar!


Quando a tristeza te chegar
estarei aqui para te amar!


Todos nós nascemos
com o mundo nos pés!


Eu sou o teu mundo!
Tu és os meus pés!


Juntos nunca estamos sós!
Juntos podemos segurar o mundo!
Juntos podemos renascer!

02 fevereiro 2010

teatro e palcos

perdi-me da alma
em cima do palco
num beijo de morte
voei no dramático


o enredo declamou-me
um pé descalço
no teatro fui elenco
um pedaço tão mágico


nos degraus fui vento
desci e subi o cortinado
vi o mundo forte
dentro do meu peito


fascinei-me por desenhar-te
personagem do infinito
gritei Shakespeare
num amor louco
declamei
Romeu e Julieta


perdi-me da alma
fiz o cruzeiro lento
do sol e a dor fui teatro
fui mágica e feiticeiro


ouvi tanta gente
de infinitos aplausos
ouvi sons de céus azuis
num veleiro de luz
voei-me pelas gaivotas
sustentadas no tecto


proclamei poetas mortos
fiz sinfonia a cantar-te
da palavra forte
fui amor à arte
fui fantasia erguida
num véu que desci


fiz da estrada sonetos
vivi nas estrelas
perdi-me da alma
ganhei-me de novo

Não sou poeta apenas digo que sou!

Não espero flores
ninguém pode dar flores
porque matam os jardins!


Não espero o céu
nem a chuva que cai fria
céu não tem dono e ninguém
dá a chuva a ninguém!
Chuva vem do céu
é natureza do destino
ninguém dá o céu
ninguém dá chuva a ninguém!


Não espero o mar
nem a água que dele salgada vem!
Ninguém pode dar o mar
mar pertence à terra
mar e terra não é de ninguém!


Não espero a lua num aconchego
não espero o sol nem o pôr dele
ninguém dá a lua
ninguém dá o sol
sol e lua não tem dono!
Sol e lua são eternidade...
eternidade não é de ninguém
ninguém é eternidade!


Não espero almas assim assim
ninguém é assim assim
almas
ou são boas ou ruins!
Tal como gosto isolado
pelo cheiro do jasmim
e jasmim não é alecrim!


Não há poetas
nem poesia sem jardins!
Não há poesias sem chuva
sem mar e sem sol!
Poesia é água salgada
é ribeiro manso
é eternidade!
Não sou poeta
apenas digo que sou!
Poeta não tem dono
poeta não é de ninguém!
Sou do sol e da lua
sou do mar e da chuva
sou poeta e poeta
não é dar-se a ninguém
poeta é eternidade
eternidade não é de ninguém!

01 fevereiro 2010

Autoconfiança

Não tenho horas
nem trago mudanças
meu eu é deste jeito
sou pirâmide ascendente
e de amor fui gerada!
Amo-me o suficiente!
Dentro da minha graça
não calo a minha mente
nem silencio o meu silêncio.
Minha boca é aroma
de amor com asas que voa
e de amizade me visto
prendo-me
como a raiz certa
em terra arada
de amores perfeitos.


Não tenho tempo
nem trago escassas horas!
Meu eu é deste jeito
e carinho é diferente de compreender-te!
Só cultivo nada planto!
Tenho amizades
suficientes por companhia
não corro atrás dos ventos frios.

Porque eu trago
um amor gigante no peito
que nunca me deixa só, nem triste!
Sigo minha estrada e a meu jeito
delineio-me
mas não permito ser delineada!
Dou-me boas razões para gostar de mim
não trago pressas
nem promessas!


Não tenho horas nem tempo!
Nem mudanças que nem quero!
Meu eu é deste jeito
tenho passos lentos onde me agarro
e passos longos quando quero!
Não trago lamento
nem pavio curto!
Só tenho um eterno ofertado
a quem eu amo no verdadeiro.
Por isso não me castigo assim tanto
nem choro pelo pranto que nem tenho!
Não sigo amor indecente!
Amo-me a mim primeiro.
De resto abomino gente!
Gente que pensa ter o poder
como conselheiro
e treta no devaneio!