22 fevereiro 2011

ambiente grego


do lado de cá parecem gregos e do lado de lá
troianos e ninguém entende.
- valia a simplicidade daquilo que o dizer
não consegue e o escutar não compreende?
aquilo que ditas falas mansas faladas
surpreendem,
parece fantástico!
- vai uma tequilha para levantar os ânimos?
que diabo!
caminhar com gregos a ver troianos do outro lado
é fardo pesado e ninguém entende.
mais alegre seria o além
daquilo que o sentir pensa
e nesse esquecimento um olhar desenfreado
ou um abrigo a gastar todas as palavras...
- de que serve-me um olhar?
fazia-me bem se a duvida medonha não fosse
tão terrível!
- que importa afastar troianos do sentimento
se gregos ninguém entende?
de certo nem sofreria de ausência!
porque não saber se é a pessoa certa apoquenta
e saber o enigma do esperado atormenta.
oh meu Deus!
afastas o diabo mas ele nem sai do outro lado!
na verdade por entre gregos e troianos
ninguém o sabe
e mesmo assim parece que há quem acerte em cheio!
é obvio a inspiração
ancorada nas atitudes truncadas
enquanto gregos vão contra troianos
há rosas na plateia do lado
onde me deixo ficar aquietada sem saber
de que lado está a coisa errada!
de que lado é a coisa certa?

de Rosa Magalhães

17 fevereiro 2011

feeling


A prédica que componho no caderno
tem linhas duplas e traz fluido de amor
- Como teu olhar é belo e acometido no tímido
o zelo que por ti sente o beijo
o primeiro que lembro ter dado
e lembro ter sentido, um vale de desejos
e de medos a fervilhar por dentro
um sentir quase quebrado, mas perdido.

Às vezes o rosto que trago ensonado, não é meu
é do sono que me embriaga nas saudades que ficaram
enquanto outras, partiram.

Há margens do rio intrínsecas mas lavadas com o tempo
hoje,
ando mais aflorada nos meus segredos
minhas cumplicidades, vestidas
sem portas nem trancas, minhas magias enamoradas
meu bosque encantado onde colho cogumelos com alma
apimentados de mil cores
e no destino um perdão soado!
outros paraísos com trovas ao som das lágrimas
duma saudade que espreita enciumada de silêncios
meus silêncios um mesclado
entre o soneto exalado de dor e os meus devaneios
onde coexisto
dentro desse olhar bruto mas belo e irado

 
por Rosa Magalhães
 

10 fevereiro 2011

os sonhos também dormem!


os sonhos também dormem!

arrojados nas utopias da vivacidade da minha alma
inebriada alma de querelas e teimas
afora o romper da madrugada

os sonhos dormem enquanto durmo
presa na lua das minhas prosas
o socorro dum amor irado
o furor alheado no protesto do meu diário

dormem os sonhos acordados
na dor enferma dum ramo de lume brando
e por escassas velas acesas


dormem os sonhos, sim dormem!
dormem na primavera duma fragrância
num olhar fulminante que chora
e na face duma flor que grita clemência



(foto do google)


Rosa Magalhães

06 fevereiro 2011

Os sonhos também dormem!




sim dormem!
os sonhos dormem no meu sono
na mais linda cor das auroras
...que lembro adormecidas.
dormem os sonhos,
nesse brado sono
que meu corpo vai bebendo
enquanto o sonho vão dormindo em mim…
dormem os sonhos!
como as acácias dormem no meu jardim
como as pétalas de flores voam sem fim
e as borboletas vão nas asas do amor...

Rosa Magalhães

01 fevereiro 2011

cheguei ao limite

o fio do pensar vai mais longe que a verdade!
vai mais longe que eu de mim... mais longe,
sem daqui sair de tão perto.

- ninguém é aquilo que expressa
e ninguém é capaz desse disfarce, por tanto tempo...


hoje, apetece-me tocar o céu.
apetece-me tocar o céu!
e deixar de ver néscios ao meu redor.

quero ir ao limite do ir
ao limite desse fim de prova de confiança
e acreditar de novo que a verdade pode ser feliz!

irei ficar aqui para de lá não sair... vou ficar.
silenciarei essa vontade de ir embora
e não ter de recuperá-la.

depois,
saberei que o céu foi essa queda livre
que sempre deixou-me ser a ilusão
a ilusão que fazia-me acreditar em seres
que não são melhores que aquilo que são.


Rosa Magalhães