28 dezembro 2010

O medo da perda seduz a mentira


Talhei arame farpado em torno da vida. rasguei roupa. rompi sapatos e sonhei. dos sabores que fui lendo. hasteei o amor na subida. ténue atmosfera ganha não perdida. idolatrei. amei quem me amou. o resto. mentira. sóbrias defesas. arremessei degustações e sumi. risquei risos famélicos. não pintei o traço que meu artista carpiu. fiquei comigo nesta ida e vinda sem saber que ruiu. fruí não fruída e a ti guardei. efémera vida. teu gentil proferiu raias seivas. abraça-me. se deixares de me amar mente-me. não quero a verdade. diz que me amas. eu só quero ser feliz!


Rosa Magalhães
lua demorada

Alua-me este exército que trago no peito!
Teu sorriso, meu desassossego meu deleito...
condoído olhar-te,
donde te avisto visto-me de longos cabelos
que me beijam o beijo do rosto.
- ai se me castiga teus beijos!
Alimentam-me a vida toda!
Ah,
selvagem é âmago donde sigo
ao teu encontro solto-me de mim
e a mim volto num som fruído do bandolim…
… meu eu mais altivo de fraquezas e sonhos,
quimeras acorrentadas
asas quebradas em busca da esperança
que vai vestida de alento
se vou volto no teu cavalo
castanho e branco que abeira-se
do meu castanho e preto.
Tua boca, um perfil devorado
eu, um corpo cansado…
oh sátira de penas minhas penas quebradas
o vento, traz a floresta à espera dum abraço
eu, dum novo dia!
-Vamos renovar o Ano Novo?


Rosa Magalhães

26 dezembro 2010

no calor da neve, há frio lá fora de mim!


no calor da neve, mãos nevam
coração abrasa noutro coração!

no peito, análogo jeito
o sol resplandece
o amor clamado na voz não fala, sorri.

no calor da neve, há frio lá fora de mim!
mãos nevam e o coração abrasa noutro coração.


Rosa Magalhães, 26 Dez. 2010

09 dezembro 2010

TOKPOTOK
Artes Cênicas
"Todos nós temos um palhaço escondido. Com a criação e desenvolvimento do próprio palhaço aprende-se a lidar com as características mais intrínsecas, fazendo com que, desta forma, as situações mais difíceis e complicadas se tornem mais simples e comuns do que se imagina."




A convite de Rui Madeira também eu quis experimentar esta magia, então estive na Workshop por 10 dias (de 8 a 18 Dezembro 2010)

Janaina, Giovana e Manuel da Universidade de Londrina, são as Queridas Palhaças Pipinela e Xurumela e o Palhaço Querido Rebuçado Lambuzado que conheci e tive o prazer de privar num grupo de pessoas espectaculares. Uma Workshop realizada no Theatro Circo, a qual me orgulho de ter participado.

Gostei de tudo desde o início até ao fim. As recordações são muitas e as emoções muitas mais, mas não consegui descobrir o palhaço dentro de mim, acho que ele se escondeu. Umas vezes saltou o Branco e noutras o Augusto, algumas muitas vezes os dois entraram em conflito para ver qual dos dois ficaria evidente, por isso vou esperar pelo próximo Workshop para ver se o descubro finalmente!

Achei construtivo todos os jogos que fizemos, as musicas e o teste no jogo da verdade. Foi bonito conhecer não só o que os outros são e têm para dar e mostrar como aquilo que nós somos e temos cá dentro e muitas das vezes nem sabemos o que levanta tantas emoções...

Para finalizar, tivemos uma saída espectacular e estranha ao mesmo tempo e fica desse momento a expressão de tantas pessoas que nos sorriram e entraram no jogo, inclusive uma menina que ficou encantada com tantos palhaços, um senhor que queria juntar-se a nós mas dizia que estava mal vestido e outro com mais idade depois de prosear lamentou-se que só queria a vossa idade...



30 novembro 2010

Preciso da alma!


Veste-me de corpo
dá-me cor
abjecta-me
paixão sem fervor
não qualidades de amor
consciencializa-me
alimenta-me o espírito
num segredo interior
musicaliza-me o grito
esculturado de calor
entrega-me tudo que é meu
... por favor!


por Rosa Magalhães

26 novembro 2010

Cinderela

Aquela amizade incondicional entre mim e a vassoura era terrível, ela era maior que eu e chegada a prenda do aniversário, outra vassoura de palmo e meio tal como eu. Os dias varriam-me Cinderela em tons avermelhados, quase inseparáveis. O sonho dos contos de fada já existia, havia um castelo e o príncipe encantado na fantasia e eu, a princesa amada, mas só havia uma miniatura de vassoura. A vocação parecia dona da casa, queria crescer a ficar do tamanho da grande vassoura, continuei a sonhar e foi meio palmo de caminho andado nessa espera. O príncipe encantado há-de chagar no tempo acertado.


Rosa Magalhães no Concurso: “Imagens da Nossa Memória”
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Saudades


Aqueles fins de tarde, o cheirinho a pequeninas sardinhas fritas, o arroz de tomate passado a fugir prato fora, uma manta no chão uma novela Cravo e Canela, a Gabriela do início. Um tanque cheio de água. Flores por toda a parte e aquela figueira que depois mais tarde secou por mãos duma vizinha malvada que supostamente com sal a matou. Um cão amarelo baixinho e as formigas que faziam carreiras a querer chegar à cozinha. Um cachimbo sentado no cadeirão, a porta da sala esbranquiçada até cima com vidros decorados a madeira, um puxador mármore, o avental da mãe e aquela alegria de ser criança.


Rosa Magalhães no Concurso: “Imagens da Nossa Memória”
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Fiz 4 anos


Aquele homem alto e elegantemente bem trajado era meu pai que acabava de chegar a casa e, “roubou-me” a chupeta que trazia na boca. Estarrecida, soltei a choradeira sem fôlego, 4 Anos e de chupeta na boca? - Disse zangado! Pegou na tesoura e zás cortou-a a meio alegando que eu, iria perder a mania. Arrasada corri a agarrar-me às pernas da mãe onde escondi a cara banhada de tanto chorar. Que chatice que era fazer 4 anos de idade! Afinal, aquela era a minha chucha mas meu pai não sabia. Lá terminou bem o dia, o calor da mãe é sempre mãe e os mimos a esquecer tamanho desagrado.


Rosa Magalhães no Concurso: “Imagens da Nossa Memória”
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Óculos Graduados


Esquadrinhei bailes entre campos de flores amarelas que o vento soltou e levou no vestido, de um lado. Do outro, o milho crescido por onde corri escondida dos amigos. Os voadores gansos bravos espantaram o caminho num salto estouvado que nos deitou por chão e rimos, rimos tanto na barriga e o vento levou-nos como se fossemos gansos bravos, noutra intenção. - Oh, uns óculos! Disse. Peguei na preta armação quadrada de lentes fortes quando vi quem passava. Uma freira que sorria de rigor vestida de branco. Confiei-lhe nas mãos para que guardasse, pois poderia ser de alguém que deles precisasse.


Rosa Magalhães no Concurso: “Imagens da Nossa Memória”
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Bonecas


Era uma vez por semana, num encontro organizado por adultos que nos vestiam a rigor para a festa. As mães eram as donas das bonecas, também havia padrinhos e os convidados eram todos os meninos da rua. Da família, os primos mais chegados e o padre o mais novo que obedecia. Iniciava-se a procissão pelo passeio a cima, seguíamos até à igreja que ficava lá no cimo da rua, na entrada de uma casa vazia já velha. No altar flores, água e uma toalha. O padre benzia as bonecas e só depois era convidado de honra. Voltávamos, em marcha lenta até casa... e a festa começava.


Rosa Magalhães no Concurso: “Imagens da Nossa Memória”
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Sono da madrugada


Duas da madrugada. O calor abria janelas do sono que não aguentava a mente quebrada, o corpo cansado e o relógio que batia ponteiros de silêncio. Acontecia às sextas e mesmo ensonada gostava do que via lá fora, na rua homens pendurados nos ombros formavam o cordão humano que ocupava a largura da rua larga. Nas cabeças, chapéus com penas e nas pernas calças presas em suspensórios sem chegar aos joelhos. Nos pés rebolavam bidões de cerveja e no ar alegrias de caras, quase exaustas, cantaroladas por tradicionais cantigas quase embriagadas. Fascinada com tamanha imagem, a minha janela adormecia.


Rosa Magalhães no Concurso: “Imagens da Nossa Memória”
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Um baloiço só

Queremos um baloiço maior! Dissemos em coro. Éramos cinco para um só baloiço. Sem regras quisemos divagar o instante e o baloiço, era espaço tão pequeno! Tocou o telefone. Fomos lá atender e dissemos: “- não está ninguém em casa” e depois, escapamos. Muito ajustadas lá conseguimos caber no baloiço. Umas ao colo das outras e duas em pé seguradas à corda, mas faltou força para baloiçar devido ao excesso de peso. Repentinamente e sem contar o baloiço deu meia volta no ar que ficamos todas no chão de pernas pró mesmo! – A voz soltou-se: - eu avisei! Ainda vos ides magoar!


Rosa Magalhães no Concurso: “Imagens da Nossa Memória”
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Só areia


Não, não abras a janela! Gritava desesperada. Mas ela, sim ela, a janela abriu-se e entrou só areia! Areia, só areia, era tanta que entrava pela janela e eu, do lado de dentro a ver, toda aquela areia, que não parava de entrar! Chorei, gritei e ninguém veio socorrer-me! Ninguém me ouvia! Então gritava! Senti-me a sufocar com tanta areia que me cobria. Era só areia que entrava, tanta areia, que de repente, acordei! Acordei tão depressa e sem ar, quase não podia respirar. Depois, pus-me a olhar, olhei tudo à minha volta e caí na real cena, que foi cena de um sonho que estava a sonhar.


Rosa Magalhães no Concurso: “Imagens da Nossa Memória”
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Depois da verdade só há verdade



No meio de um sonho atribulado, acordei aflita que nem sabia onde estava. Aticei a luz e sentei-me a escutar que barulho seria. Escutei, voltei a escutar e tive na sensação, um equídeo que corria rua abaixo-rua acima. O medo enrolou-me cabelos no cobertor mas não quis abafar o raciocínio para ouvir se era sonho o que escutava. Senti o atracar ferino num ir e voltar nessa corredora onde estremeci mais ainda com o guinchar do ferro no chão a derrapar o travão arrebatado que me dava a sensação ser em baixo e em cima, da rua. Interrogo ainda a razão de todos em casa, ser eu quem ouvia.

Rosa Magalhães no Concurso: “Imagens da Nossa Memória”
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16 Gatos


Farruca era mãe da Katza, as gatas mimadas lá da casa. Com duas ninhadas sumidas, desconfiamos a seguir rastos estranhos até vermos um saco a mexer à margem do rio. Lá dentro, todos os gatinhos vivos. Foi na adega dos vinhos, que todos os dias alimentámos os gatos que cresceram sadios e miavam mais alto a acordar a família! Viram-se gatos já crescidos por todo o lado e como eram vadios foram em busca de outros destinos. De novo, a Farruca e a Katza, as duas gatas mimadas lá da casa. A Farruca, mordida por um cão morreu e a Katza de velhinha. Até hoje nunca mais tivemos gatos!


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Rosa Magalhães no Concurso: “Imagens da Nossa Memória”

Cresci


O fim duma etapa é crescer mas não sabia. Concluía-se o ser criança no primário da vida. Fui à escola numas longas tranças negras e a verde saia xadrez demarcou aquele dia. Carteira sim carteira não havia uma espera silenciada. Levanta-te! Quase gritou o professor que me fazia faces rosadas. Passeei pela sala e não entendi porque ninguém estava assim tão asseado, escutei a vaidade com pena dos que ouviam, afinal era o exame oficial da 4ª Classe disse, para juntar àquela linda apreciação. Veio a memória do constrangimento que marcou o quão especial era aquele evento.


Rosa Magalhães no Concurso: “Imagens da Nossa Memória”
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Na fogueira



Fugimos sem olhar para trás, demos por terminado o belo e fresco passeio matinal quando passamos pela linda arquitectura baixa. O imenso relvado decorava-a, na vasta área circundante. Um porco bicho gigante num espeto e por baixo uma fogueira assustada. Éramos crianças e o frio apoderou-se de nós que nos obrigamos a recuar na direcção de volta a casa. O sentimento ficou-se pelas rodas que correram tão apressadas pelo caminho longo que nem os pés deixaram de pedalar um segundo. Ficou a fotografia registada no livro marcado das memórias, para garantir o flash mental dessa intimidade.


Rosa Magalhães no Concurso: “Imagens da Nossa Memória”
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Cemitério de Grefrath, um paraíso



Entre memórias vagas tenho a mente pendurada na saudade, uma saída escondida e uma porta gasta rumo ao espaço mágico, um baloiço pendurado, vazio e um corredor esguio lá fora decorado com tulipas e rosas de ambos os lados, ao fundo uma cancela por onde escapei. Passei para o lado de lá da rua sem ninguém me dar a mão, caminhei e entrei. Entre chilreados e árvores sentei-me no meio de tão lindo jardim, escutei o silêncio. Vi senhoras de chapéu embraçadas nos maridos. Ali, não faltavam flores no paraíso que por cá nunca vi! Aqui, parece a casa de terror.


Rosa Magalhães no Concurso: “Imagens da Nossa Memória”
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Impotância da comunicação
Todos os dias Marcus tocava na campainha da porta da minha casa. Ficava ali especado à espera que eu aparecesse na janela só para dizer, um adeusinho. Depois, desembaraçava a bicicleta que decaía pelas pernas a tombar no chão e seguia lépido num acelerar de pedais, pela rua. Grefrath, era uma Vila muito sossegada situada a Norte da Alemanha, onde morei dois anos. Um dia, Marcus atirou-me um beijo e fugiu de novo. Noutro dia trouxe os amigos com suas bicicletas e mais tarde entendi a importância da comunicação. Vi que Marcus, queria que eu também fosse brincar e andar de bicicleta!


Rosa Magalhães no Concurso: “Imagens da Nossa Memória”
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24 novembro 2010

Comunidade de Leitura Dramática

“O Despertar da Primavera”
de Frank Wedekind

Frequentei a Oficina de Leitura Dramática
com início a 08 de Novembro 2010
e contou com uma apresentação pública da Obra
“O Despertar da Primavera” de Frank Wedekind
no Salão Nobre do Theatro Circo em Braga
nos dias 22 e 23 de Novembro 2010 pelas 21,30h

Acção inserida na Comunidade de Leitura Dramática
com orientação de Jaime Soares.

Os ensaios foram muito intensos mas positivos.
Adorei a experiencia!

Fotografia feita por Vera Gomes
no 1º dia da Oficina, numa das salas novas dos fundos do Theatro Circo.
Companhia de Teatro de Braga, no âmbito do Projecto BragaCult (CTB)



 O despertar da primavera de  Frank Wedekind, é uma obra "tragédia" do fim do seculo passado, numa peça inspirada em acontecimentos reais da vida do próprio autor. Dois de seus colegas de escola que cometeram suicídio em 1883 e 1885. A sequência de cenas bem articuladas, o diálogo expressivo e lírico, os elementos visionários e surrealistas, indicam o autor como um precursor do drama expressionista. A história gira em torno de um grupo de jovens que se veem confrontados com os problemas da instabilidade psicológica causada pela puberdade e da distância que os separa da moral social ante suas curiosidades sexuais. Wedekind aproxima-se da interioridade dos jovens de tal forma que consegue desvelar, diante de nossos olhos, suas alegrias e tristezas, esperanças e desesperos, lutas e tragédias."

19 setembro 2010

o homem carrega aquilo que faz

Arrependimento com orgulho não deixará polir a desculpa obrigatória e para chegar de volta à mestria vai dar muita fadiga! Mas foi tudo necessário.



O ser humano tem necessidade de ver o que faz e achar que o mais perfeito da inteligência humana já estava feito!



Agora resta a duvida que vive preocupada de remorsos em provar que não estava errada!
 
 
Rosa Magalhaes

03 setembro 2010

Sossego

Goteia-me e escoa
dos dedos
a tinta
com que te pinto
por não te saber falar
escuto
sublevas-me
na paz isolada
enquanto durmo
no sossego
mais escuro
estrofes
furto de perfumes
que cintilam
no meu orbe
o cosmos que sacio
vagabundo
beleza rara
pura e fria
dum olhar
em teu olhar
me traz ao mundo


Rosa Magalhães

Silencio

é colosso o silêncio
e emudece-me
e cala-me
...então escuto-o
e silencio-me

ajusta-se à léria
da melancolia
que doçura
zoada em meus ouvidos

leve e lidos
versados na fantasia
silencio dos sons brados
belas poesias

ouvem-se os lírios
mais que profundos
silencio colosso
escuta-me
e fraseia comigo

musica tocada ao vivo
nos meus sentidos
afecção
nas cordas do violino

e vai brando
o sono fundo
pauta das melodias
ténues cantigas
vagas num só segundo

delicado amor
canta onde durmo
vai formoso
fólio pautado
de veludo

Silencio alegado
sonhos ledos
calados e raros
quedos e mudos
ao sabor dos ruídos
moribundos



de Rosa Magalhães

Profundo

Toca-me o silencio
E do que não exortas
Brado num sussurro
Não murmures o profundo
Que é silêncio, não alude
Apenas ouve e escuta
O ensejo do meu tempo e amigo
Toca-me o silencio
A quimera vã que pára e voa
Asas com luvas sabedoria
Calma serena e tranquila
A energia sã que me apazigua o dia
À frente de mim mesma

Rosa Magalhães

02 setembro 2010

Injustiça!

Há sempre um tal lugar ameaçador e injusto
em qualquer lugar.
Um lugar desconhecido que nos alcança
...e sem darmos conta, temos de suportar.
Um tal lugar insuportável de aguentar
mas aguentar o insuportável na verdade
é desgraça para quem a injustiça faz.

Há sempre um qualquer alguém que é injusto!
Que fere rasga queima e mata, mas vamos relaxar…
… porque o maior infeliz é o injusto que injustiça faz.
Isso consola, mas não satisfaz.

Há sempre um tal lugar
que não sabemos onde a injustiça está
injustiça atrai injustiça e ponto final.

Mas há!
Há sempre um tal lugar dentro de nós
onde a injustiça não cabe
nem a coragem foge
a enfrentar esse lugar!
É que a honestidade está mais acima
E desse lugar é preciso punir a injustiça
Dar cabo dela para com ela acabar!

Rosa Magalhães


01 setembro 2010

O desassossego do Poeta!

Cobre-me!
Cobre-me do manto branco e traz-me,
traz-me a enormidade que brilha
...no teu olhar. Ilumina-me,
ilumina-me até o dia raiar
ilumina-me a alma,
a quimera da temperança
nesta estação do nada, esperança-me
esperança-me!
Esperança-me na tua esperança
inacabado aprazer de madrugada eterna
faz de mim tua amada,
tua graça e cauciona-me,
cauciona-me! Cauciona-me nova era
e que seja ardentemente belo esse lugar
mas não deixes de orvalhar,
rega-me flor olorosa
rega-me! Rega-me como terra sequiosa
e nas horas mortas dá-me um abraço,
abraça-me, abraça-me e acende,
acende-me essa fogueira
que vejo arder no teu vislumbre,
afogueia-me com teu olhar,
com teu ar de lua cheia e reza,
reza sem embaraço e acena-me!
Acena-me nem que seja a única vez,
acena-me com teu jeito dócil
numa cena qualquer, acena-me
muda minha arena pigmentada da cinza cor
que vai de marcha lenta
como se fogueira fosse ardor
ou forma gritada que grita, grita-me!
Grita-me sem medo e sem medo
da serenata arriscada da alvorada
donde nasço cresço e morro, mas grita
e canta, canta-me rios brados
de segredos enamorados
mesmo que iludidos
em esgrimas querelas desiludidas
mesmo que dedos esbarrem paredes
com taças de vinho branco,
e morde os momentos, morde-me se morro a vida!
Morde-me! Até que sinta que valeu a pena
e deixa, deixa que dedos soltem
os cabelos do vento afável enquanto morro
afundada em tuas lágrimas dolorosas,
mas abraça-me, abraça-me o encanto
enternecido, voraz e alheado
esquecido sentimento e faz da temporada
uma luz amais e serena que escurece meu dia,
escurece minha alma, escurece-me
quando a noite cai vazia e triste, fria
renova-me. Renova-me!
Renova-me noutro dia fora desse frio orno
e traz-me, traz-me de volta ao desassossego dúbio
mesmo que dissemine num espelho
esse teu afastado horizonte.


Rosa Magalhães

26 agosto 2010

Correio do Minho - Jornal

"Surrealismo"
foi publicado pelo Jornal Correio do Minho
a 21 de Agosto 2010


Rosa Magalhães

Diário do Minho - Jornal

"Marionetas Humanas"
foi publicado no espaço cultural do Jornal Diário do Minho
a 25 de Agosto 2010

Rosa Magalhães

Correio do Minho - Jornal

"Temática sobre fidelidade"
foi publicado no espaço "Conta o Leitor" do Jornal Correio do Minho
a 26 de Agosto 2010


Rosa Magalhães

25 agosto 2010

A pensar comigo...

limito-me à saudade que persiste
trago na voz um corpo
e dois braços aflitos
uma espécime em foco
um ciúme louco
e pétalas perdidas

Pensar nos teus sorrisos
teus olhares declarados
é papel que arde
o amor do final da tarde
a musica
abstracto suave

Pensar na cor caída
do sol desmaiado
brandas nuances bravas
como brandas flechas soltas
e pensamentos com setas
pardos sentimentos de pardais à solta
em torno do som tépido

Há peixes
que saltam das ondas esguias
há ventos que parecem-me
nascentes falsas
tu,
meu pensar lamentoso
meu castigo doloroso
meus olhos lacrimosos
meu pensar
devora-me por dentro
 
Rosa Magalhães

Nunca foste Pessoa!



Perdi-me!
Perdi-me no quanto
ao imaginar-te Pessoa
imaginei-te
humano
e perdi-me

Perdi-me!
Do ser humano
e do ser Pessoa
perdi-me no quanto
ao imaginar-te humano
em ti não vi
nem humano nem Pessoa

Perdi-me!
Perdi-me mas ganhei-me
ao imaginar-te querido
ganhei-te
como traçador de limite
cansado sem limite
cansei-me
a perder-te e perdi-me

Perdi-me!
Perdi-me de mim
de ti
como pessoa
foste, rascunho
desenhei-te e guardei-te
donde te sinto és diário perdido
memórias eternidades e momentos

Perdi-me!
Perdi-me do tempo
sim do tempo
desse tempo atirado fora
onde me canso a busca-lo
para recompensá-lo, sim o tempo
o tempo da minha vitória

Perdi-me!
Do sonho perdi-me ao imaginar-te
humano
perdi-me mas nunca foste, Pessoa

Rosa Magalhães

Inesquecido


Doce
encanto que me
deitas
meu copro
um suspiro
solto
meu Amor
sentido
teu corpo
dormindo
momento
para sempre
inesquecido!



Rosa Magalhães
escrito em Novembro 2009

meu Amor meu Amor


Meu corpo quedo
Vai num vento dúbio
Minha rubis negra
Preta á nascença
Cruzam-se mares
Cruzam-se olhares
Teus cinza verdes meus
Meu amor
Me dás a ti dou sem avesso
O verbo é amar-te
Eternamente amar-te
Meu corpo é teu meu é
Paixão teu amor
Que de mim inquieto vem
Vai num vento
O meu pensamento
A minha cor é de cor
Tua negra cantoria és
Meu amor
Meu amor
Meu amor


Rosa Magalhães
escrito em Outubro 2009

Sofro

Sofro tanto
tanto tanto tanto
como se tu fosses mácula
licenciosa do meu tempo
como se fosses sujeição
básico condimento
a sair-me do peito
ou arrojado de inquieto
como se o coração
não espancasse certo
e galgasse por todo o lado
Sofro
remo e padeço tanto
tanto tanto tanto
como se fosse sentença de morte
por estares sempre a meu lado
a deixar-me amor sôfrego e sedento
inacabado
Sofro tanto
Tanto tanto tanto
que nem sei
se sofro assim tanto
nem se na metade sorrio de contente
e mesmo que o amor seja assim
tão quebrado como este tanto
que faleça por tão tamanho pranto
dentro do sonho velado
ah como eu sofro
se meu sonho faiscasse e pronto?
ficasse eu
uma pena solta no canto
que por ti canto!
Rosa Magalhães
escrito em Dezembro 2009

Perdição


Trago em mão
a vingança sem preço
e no cair da noite
o teu regaço
e o amor
o alento
trago magia
e flagelo
no sentimento
a figura do teu ser
na minha mão
rasgada
e uma arma
ao coração apontada


Rosa Magalhães
escrito em Dezembro 2009

Coração Bélico

Aparência dura
gélida
atitude bélica
externa tua essa
de indiferença
a mostrar o dócil
no teu peito
sincero e afável
Inundas-me do dúbio
sentimento estranho
contrarias-te a ti próprio



Rosa Magalhães
escrito em Dezembro 2009

Para te dar


Atendo meus desejos
mais secretos os mais dúbios
nos versos fortuitos
acomodo-me e componho desafios
entrego-me à divagação
da minha fantasia
e ao amor que me arde dentro do peito
que me castiga e me faz doer
amor é luz na minha sina
senti-la ou não vê-la
é forma de ser a poetar suave
para te dar e de ti
poder receber.

Rosa Magalhães
escrito em Dezembro 2009

O sabor de ti


Enquanto montanhas, se elevam
Vou caindo a teus pés, meu amor
Beija-me a boca, traz-me água
Soltos cabelos, e olhares cansados
Sopros de alma, de amor e afago
Pedaços em mim, em ti nunca apago
Rendo-me, aos teus encantos
És fruto meu desejo, meu tempero
Astro redondo, de tudo e silêncio
Surpresa distinta, quando acordo
Arrebatada sinfonia, quando me deito
Montanhas se elevam, nossa cama
Te amo!

Rosa Magalhães
escrito em Dezembro 2009

Quero voar


Enquanto montanhas, se elevam
Vou caindo a teus pés, meu amor
Beija-me a boca, traz-me água
Soltos cabelos, e olhares cansados
Sopros de alma, de amor e afago
Pedaços em mim, em ti nunca apago
Rendo-me, aos teus encantos
És fruto meu desejo, meu tempero
Astro redondo, de tudo e silêncio
Surpresa distinta, quando acordo
Arrebatada sinfonia, quando me deito
Montanhas se elevam, nossa cama
Te amo!

Rosa Magalhães
escrito em Janeiro 2010

Beija-me a boca


Enquanto montanhas, se elevam
Vou caindo a teus pés, meu amor
Beija-me a boca, traz-me água
Soltos cabelos, e olhares cansados
Sopros de alma, de amor e afago
Pedaços em mim, em ti nunca apago
Rendo-me, aos teus encantos
És fruto meu desejo, meu tempero
Astro redondo, de tudo e silêncio
Surpresa distinta, quando acordo
Arrebatada sinfonia, quando me deito
Montanhas se elevam, nossa cama
Te amo!

Rosa Magalhães
escrito em Outubro de 2009

Asa rendida

O mutismo que me anunciaste hoje
Foi bênção num beijo de amor teu
Minha asa rendida caiu por ti só por ti
Acuraste meu abraço como afectivo sem pó
Agrado macio nosso nó vazio de pranto
Enlaces de sonhos forrados de solidão
Nós dois um cosmos de nós só para nós

Rosa Magalhães
escrito em Outubro de 2009