25 agosto 2010

A pensar comigo...

limito-me à saudade que persiste
trago na voz um corpo
e dois braços aflitos
uma espécime em foco
um ciúme louco
e pétalas perdidas

Pensar nos teus sorrisos
teus olhares declarados
é papel que arde
o amor do final da tarde
a musica
abstracto suave

Pensar na cor caída
do sol desmaiado
brandas nuances bravas
como brandas flechas soltas
e pensamentos com setas
pardos sentimentos de pardais à solta
em torno do som tépido

Há peixes
que saltam das ondas esguias
há ventos que parecem-me
nascentes falsas
tu,
meu pensar lamentoso
meu castigo doloroso
meus olhos lacrimosos
meu pensar
devora-me por dentro
 
Rosa Magalhães

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