23 janeiro 2011

porque amar é pecado!


entre nós havia nada
que pudesse explicar-nos.
na razão o rumo da ilusão
anestesiada à paixão.
nossas mentes
paradas no tempo
preso num olhar.
ambos pendurados na palavra
admiração.
amarrados num sorriso único
entre os dois.
dois corações que palpitaram
simples abraçar de emoções.
trago hoje
cabelos soltos para te seduzir
e tu uma camisa desabotoada.
no ar aeróstatos leves a subir
animados aos pedaços.

foram enigmas da nossa imaginação numa tarde feita devagar.



Rosa Magalhães
 

07 janeiro 2011

Leitura Dramática da Obra de Platão
"Apologia de Sócrates"
Platão, numa sessão de Leitura Dramática realizada no dia 31 de Janeiro 2011 pelas 21;30h no Pequeno Auditório do Theatro Circo, foi uma leitura dedicada ao filósofo e matemático grego Socrates com texto dirigido por Rui Madeira. Apologia de Sócrates é o discurso de defesa de Sócrates, acusado por Meleto de corromper a juventude e de não acreditar nos Deuses em que a cidade acredita, que o fez condenado à morte no tribunal de Atenas. Na argumentação sobressai a grande figura moral de Sócrates e o seu desprendimento pela vida e os bens materiais, perante a visão do Bem supremo.

"Platão (Atenas, 428/427 - 348/347 a.C.), considerado o melhor prosador grego, foi discípulo de Sócrates. Em 387 a.C. fundou a academia onde, a partir de 368 a.C., teve como aluno Aristóteles. A sua filosofia idealista, o seu sistema político baseado na ordem e na harmonia, o seu arreigado espiritualismo, a defesa intransigente da existência do bem supremo e o seu género literário, fizeram dele génio da humanidade e figura cimeira do pensamento europeu."



Foi com imenso prazer que participei pela minha 2ª vez
no grupo espetacular das Leituras Dramáticas



foto da autoria de Rosa Magalhães

Ubíquo é o Amor


e o fogo adentro que queima por dentro e não o sinto esse terno e gotículas do desejo que chove-me o pensar e se de mim há pássaros que voam fraseados pelo orvalhar do teu olhar ubíquo é teu ar de água em fogo onde arrefeço-me a alma onde as querelas violetas são poesias com esperanças que tocam sinos de sensibilidades de onde nasço cresço logo morro nesse mesmo amor alado brado de palavras que amansam-me os ouvidos e as letras que não visto no meu vestido mas que passeiam-me o imaginar-te rios donde te emano e me guio onde soltam-se esboçados pássaros que trago por companhia tal qual teu invisível abraço ubíquo de sono longo como se um laço fosse a correr ao teu encontro nessas asas que me viajo onde embalas-me os sentidos a alma a voz e o corpo porque no céu há um amor ubíquo que brilha com muita intensidade.


Rosa Magalhães


Janela aberta

Passaste-me a ala esquerda da alma
numa batalha flamejada, somaste-a
em orações sorriste-me
e choraram os sonhos que ocasionaste.

Nas ilusões desconexas
foram as fúteis pétalas ociosas
tua confusão nos meus devaneios
invadiram os desejos
das risonhas
pontiagudas quimeras pretas
já desfeitas em pedaços.

Acalentaste-me a música
de mim a alma
e trouxe-te singelos sons
que fui bebendo aos sorvos.
Tudo que flama por amor
por um amor inacabado...
oh augúrio do meu tempo!

A janela,
havia fechado uma singela janela aberta.

Rosa Magalhães
 

05 janeiro 2011

- porque haveria eu de ir embora?


Tão somente quis a ânsia de mim
rasguei falas sem pudor e num som
tive o ar fatigado que balançou-me a razão
aqueci aquela tarde no teu peito que forte batia
enquanto meu coração respirava
tuas mãos nas mãos o que me tocava
- porque haveria eu de ir embora?

Tão somente quis no meu estar
teimosia a invadir-me lembranças
não deixei que o ar me levasse
e o fulgor trespassou o som das palavras
e o ar respirava manso sereno e equilibrado
- porque haveria eu de ir embora?

Tão somente quis o eterno que me amostrasse
no meu ser um sabor de criança
ao som do mar que falei de ti a mim não consegui
perante tão mar de saudade que por ti a chama acendia
voei a deixar-te o sonho na lembrança
- porque haveria eu de ir embora?

Tão somente quis o esmero esboçado
desse dia o ar aprume me vencia na memória
depois do adeus não pude dizer-te mais nada
de tão sufocado cheiro a sagaz do campo
entrementes bulia o ciciar quase ofegado
tu e eu morríamos o bálsamo da madrugada
- porque haveria eu de ir embora?

por Rosa Magalhães
O recomeço!

Azougaste-me dias avessos

acólitos permaneceram os compassos
nas letras esguias traçaste-me um destino
coligidas ficaram as falas
desiguais mas mansas.

Agora, fervilham-me
os suspiros teus já suspirados
porque demoraste tanto
na farpela que arrancaste
e os passos de verão cobriram-me o corpo
ao invés de despi-lo, vesti-te.

O calor só trazia afinal o final da tarde
por aformoseio, no peito
o afincado triste fado
por enganado amor acudi-te na mão
um gesto palpável nada em vão.

Demarcado o perdão que ficou vincado
em cima da mesa duas taças de vinho
no chão sorrisos espalhados como adornos
e na mente o ressentimento já não ardia tanto.

Decorreu o tempo
capaz de acobertar tantos fracassos!
Mas a vida quer um recomeço
para aflorar de novo a idade!
Conquanto nada se perde tudo se renova
a vida é incessantemente a constante mudança

por Rosa Magalhães