26 novembro 2010


Sono da madrugada


Duas da madrugada. O calor abria janelas do sono que não aguentava a mente quebrada, o corpo cansado e o relógio que batia ponteiros de silêncio. Acontecia às sextas e mesmo ensonada gostava do que via lá fora, na rua homens pendurados nos ombros formavam o cordão humano que ocupava a largura da rua larga. Nas cabeças, chapéus com penas e nas pernas calças presas em suspensórios sem chegar aos joelhos. Nos pés rebolavam bidões de cerveja e no ar alegrias de caras, quase exaustas, cantaroladas por tradicionais cantigas quase embriagadas. Fascinada com tamanha imagem, a minha janela adormecia.


Rosa Magalhães no Concurso: “Imagens da Nossa Memória”
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