08 junho 2012


Amor: Braille

dissipado amor vejo
em teu olhar
fulgor da lua cheia
chega a vislumbrar
um espinho cravado
a ironia do destino
aqui
à tua espera
espero tardas da demora
ímpeto não engana
só espera
fico tempestade
de mãos atadas à fatalidade
embriagada num orgulho ferido
perco-me
por não saber de mim
contigo a preferir-me cega
não vou ouvir um amor braille
cego de tanto salgado mar
que estrelas nuas
são luas cheias a queimar
vão cair nas minhas noites
sombrias e frias
um coração com pernas
não quer andar às escuras
meu eu num abrigo
sem eira nem beira
nem esperanças
ruminadas de alegrias
o tempo que tudo espera
no mesmo mar
sobejado ânimo
verdadeiro golpe de sorte
é minha sorte
por não te ver
por não te ter
serei mais feliz

por Rosa Magalhães


Sem comentários: