20 julho 2010

Marasmo


estou numa ilha Afrodite de marasmo, uma espécie de planeta mistério, onde os sapos são sábios cordeiros e os cérebros do homem corpos com braços de ambientes ligeiros. estou vigilante dentro das hábeis orbitas e as sensações escritas que me alimentam são minhas atmosferas, meus simples gestos, cordilheiras de complexos, os meus momentos de arte e desejo, numa riscada andorinha da vida, ou um rustico risco preto. filosóficos são os fenómenos naturais de habilidades míticas, a auto-expressão vincada, um rosto falante sem palavras rasgadas e sem destino traçado, um misto de língua que passa, como artificiais míticos órgãos e células íntimas, há pálidos e paladinos olhos largos, intrínsecos olhares e genes indefesos. há fetos inconscientes a falar mais alto e seres humanos a passar o instante do que sinto pairar por cima do ar, o reflexo esticado de vento. há homens que rastejam atados com cordas à cinta como se este fosse o recuo da vida até atingir seu estado primata. ninguém que habita o mistério da ilha fica impune e nem os cromossomas deixam seu estado. Invasivos, eles, não falam assim dessa lonjura, apenas essa é a caminhada já percorrida e a direcção é sempre a errada. O mundo já não respira!

Rosa Magalhães
Texto publicado no Jornal "Universo Paralelo"
de 11 até 25 de Agosto 2010 

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