19 julho 2010

O improvável

o sorriso supostamente teu
que soprava nos meus ouvidos
passou a ser
meu perfume de liberdade
que me chamava a iludiu-me
e eu, chamei por ti

para além do som
e do gosto das pétalas
o olhar distante era presente
escondido no tempo comprido
que não tinha fim
pensei estar lá
nessa lonjura que me chamava
corri, e chamei por ti

as insuportáveis horas
que fui passando
foram sonhos que fui amansando
com lágrimas de dor na saudade
enquanto inundava ocenos
um rosto envelhecido e nu
e por entre as roseiras bravas
a voz que me siderava
fiquei sem saber de nada
e mesmo assim
ergui –me e chamei por ti

suspendi a boca
bebi a água que respirava
e as vozes que de longe vinham
em negras noites
frias insónias que me chamavam
ousei, e chamei por ti

os raios do mar soletravam o amor
na prateada água, silencios solitários
e pedras rubras
os ventos sepultados
as ondas, lamentos chamados
e nessa duvida, chamei por ti

Rosa Magalhães

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