10 janeiro 2012

A tormenta!
     :moras no meu infinito!

Atirei-te meus sorrisos e beijos e corri
e rasguei-os em pedaços!
Agarrei-os de novo para mim
como se fossem embaraços de papel de vidro.
Eram meus.
Eram meus endereços quebrados, desolados
escondidos e de ti guardados.

Agora sou tormenta que me roubei da tua boca!
Queda lúcida que me inventei em mil desculpas.
Subir à montanha e deixar-me cair pelo fogo
levou-me para longe de ti e de lá
chamei-te em vão de dentro da tua tumba.
Não vi, nem a ti nem a mim
senão um destino aplanado num buraco fundo
falhado e sofrego.
Senão de mim a desistir
a ter de sair entorpecida donde voei por cima do céu!
Cego céu de tudo, donde fui personalista e donde
achei-me desiludida
por nunca mais deixar-me abandonada
assim, sem me amar em primeiro
mesmo com motivo de te perder
mesmo a perder-me da noite
e dos tantos pores-do-sol que vislumbrei na alma
dum amor que nada tinha senão o falar mais alto
zoado em ecos da montanha!

Nunca a chama saiu evidente.
Nunca um amor louco e adequado foi tão longe
senão deste inferno que a vida quis sorrir
e queima-me em lume brando, sem brisa
nesse entregado à fogueira, ateado e a fugir
como se fosse a correr
da combalida doutro mundo!
Outro mundo,
sem alma minha para querer achar-te de novo!
E para de ti de novo fugir-te
De ti ou da morte a deixar-me morrer
nos teus braços falaciosos, estouvados de abrigo?
Dum amor louco,
onde a paixão arde e morre sem chama!
Onde jamais poderei viver de novo!


Rosa Magalhães

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