01 setembro 2009

Mal me quer Bem me quer

Um dia afadiguei! Chamei a solidão ao pé de mim
brindei-lhe um arrombo ousado e arremessei-a
no agro da amargura, e regressei sem ela…
Trouxe comigo a angústia que malhei
abafá-la junto ao peito senti que não cobiçava
ceder-lhe a mão, insultei-a do quanto mais pude
… fui rude
mas ela não se afrontou…
Permaneci queda e calada
do peito não saiu ela, mordi-lhe a orelha
por me ter irritado…
… gritou de dor
a mágoa distou mais rija
agredi-a e quase morri de sofreguidão
por não encontrar a minha razão e pensei
ter perdido meu pedaço de pão,,,
Vivo com vida, calhei o perdão
abracei o sorriso, que me quis dar a mão
feliz caminhei pelo meu senão
á procura do meu bem-me-quer…
Mas só me ocorreu o mal-me-quer
que chateei na confusão
e xutei pra longe desta aflição
fragmentei o meu ego
vi o ódio sorrir sozinho
bem no meio do meu caminho…
Cerquei-me frágil e sem destino
das letras de amor que soletrei
permaneci ausente de mim por algum tempo…
esperei pelo vácuo da ausência
dor a marchar perdida na berma d’uma estrada
a mente vizinha estava e o dia lindo
… era verão, tudo esquecido
Tive sede, bebi do rio a água límpida
transformei a flor em pétalas largadas
mergulhei no horizonte…
… encontrei-me adormecida
em cima de um rochedo
cinderela na delonga do beijo…
Veio o calor a trazer o bem que matou o mal
a dança de geleira, viu-me entre espadas e armas
a rabiscar poemas sortidos de amor e esperança…
Rezei…
mas minha reza foi em vão
com fervor me iludi
em tamanho sentimento de dor que vivi da ilusão
… tudo esqueci na solidão.
Dentro do sofrimento
lavei lágrimas de crocodilo
apertei-me contra o mundo
dos abraços fortes ouvi gritos tórridos
que entoou horizontes…
… e enfeitei-me de bem-estar.
Fiz das palavras luzes e dos amargos doces
ao mal, atirei-lhe o bem e fechei-o num choro
Soltei brados ao vento, chegaram ecos fortes
Atirei-me aos teus braços e amei-te como um louco...
Rosa Magalhães

Sem comentários: