24 janeiro 2010

A luz do meu dedo!

Trouxeste-me o rouxinol na madrugada
e à noitinha o paraíso como aviso
vou por aí nesse atalho sem varejo
de salto alto como se de um sonho velado saísse
como se de um pássaro sentido caísse
como se o mundo fosse um gigante pequenino
estou esquecida de tudo que me lembraste
foste a minha linha mais curta do horizonte
foste mendigo do tempo a culpar-te num beijo
e o mar pareceu-me um rio
as flores o meu sonho subtraído
e o amor bebido num cálice de vinho
permaneci nos teus pés guarnecidos
por meus anéis de espanto vãos
dignos da palavra desertada
e embalas-me, embalas-me ao sabor do vento
como se fosse uma pena
tenebroso vento que me leva para onde vou
e vou noutro trilho solto sem acaso
e nunca deixaste de ser
a luz do meu dedo



Rosa Magalhães
escrito a 12 Dez. 2009

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