29 janeiro 2010

Professei tudo e nada

Professei o escasseado das ondas
nas marés vivas
enlacei mãos e melancolias
e na alma,
formei mimos solitários
olhares de abrigo
e fui-me
… e fiquei-me
sem nada!

Professei assolados destinos
de penas tantas
quebrei prantos
e fui nos tantos
pardos rostos rosados
nunca quis trair-me
… e fui
rio revolvido!


Professei mágoas
mar quase apagado
e clássicos ensonados de escritos
que nem canto
e fui-me num veleiro
numa raiz quadrada
… pelo eterno
fui nada!


Professei luares vazios
e afrontados abraços
tão meigamente
… vi praias soltas,
fugidas por entre
tanta gente desapontada
do belo das ondas,
renuncias
… e vi marés mortas
salgadas!

Professei tudo isso
e nada
a ficar presa
de encantos…
… do nada fui tudo
… e tudo faltou
nada mudou o traçado!

escrito a 28 Jan. 2010

Sem comentários: