04 Julho 2009

Workshop: "Oficina da Escrita"

Formadora: Sandra Ferreira

a escrita dos sentidos / a escrita a partilha

Imagem puxa Palavra - Palavra puxa Palavra

"Sensibilidades"

Trabalho desenvolvido

"E se num instante perdido a vida te negasse sorrir..."

nem um instante

nem o perdido

nem o negado sorriso

precisaria perder

"mas,

se num instante perdido a vida te negasse sorrir..."

tua vida não deixaria

o instante morrer

dentro de todo o sorrir

para te desvanecer

Jakarta

pobreza

puxei-te pelo braço

soprei-te palavra a palavra

num leve sorrir, desabrochei-te

sentidos no trilho que buscaste

pedras descalças, calcaste

palavras soltas, suspiros

maledicências, pobrezas ou sortes

calaram-se amarras

na garganta da fome

os telhados

despi-os de encantos

os passeios

sujei-os de abrigo

os pés nus, devaneios

gastei-te os castigos

os gritos e o tempo

teus cabelos soltos ao vento

vi-te em sorrisos de crianças sorrindo

fantasia do fingimento, alvoradas

ortopédicos que não tratam emoções fraturadas

puxei-te pelo braço, vesti-te de flores e de pétalas

na partilha dançante de perfumes, voaste no infinito

imaginei-te nos caminhos longos

abracei-te!

A ti pobreza

atiro-te às estrelas cintilantes

em tuas mãos cravo temperos, riquezas

fora dos desesperos

onde puxei-te pelo braço

soprei-te palavra a palavra, leve sorridente

desabrochaste os sentidos

no trilho que buscaste

o sentimento mais belo, viu-te

dentro da felicidade

arranquei-te a carência

atirei-te à abundância

desesperei-te nas amarras, quase a medo

meus sentidos falaram mais alto

cá dentro do peito, estimei-te

na mente elevei-te de, espiritualidade

como se fosses

um entranhado de paradigmas, soltos

de onde deixei-te o braço

parei de puxar-te.

A riqueza matou a pobreza

com a sua vaidade! E Tu,

de casa vi mudar-te...

Rosa Magalhães