22 julho 2009


Pontualidades
Cheguei!
A porta está fechada.

Outra vez e o relógio não espera! Ouço vozes que falam lá dentro onde as horas batem certas e a cara da desculpa já não é válida. A porta está trancada houve falha, a educação enganou-se na sala e bateu com o nariz na porta errada. Os salpicos que trespassam os segundos são passos galoposos pela falta do carisma onde se senta de mãos atadas, apenas o que fica é o não-me-ralo que também já estava sentado cá fora:

– Boa tarde como está, Sr. Não-me-ralo?
Curva-se a vénia que responde numa espera que se lixe.

- Estou bem sentado!
Repete a cara da tradição que nem existe.

O relógio da vida cansou de esperar por recortes e feitios complacentes que não se compadecem de pontualidades, nem de respeito nem de reconhecimento. Não há virtude nem vénias á desculpa. Só os maus hábitos a trazer maus hálitos criados das ausências de culpas nas presenças sem desculpas!

Vamos pontuar as agendas?
Criar uma nova arte nas horas com minutos mais pausados e segundos guardados para os mais atrasados?
E o relógio biológico espera?

Dizer que só me atrasei uns minutos quando já passou mais de uma hora! Um dia, a educação desespera pelo cansaço crónico da espera e nem o Big Ben do mundo respeitado, terá pilhas avariadas!
É preciso comprar um novo cronógrafo para a tua memória?
Se tens charme tens pontualidade!
De que te vale um pequeno atraso mental atirado ao relógio parado, é esse teu sorriso esbelto que te caracteriza de desleixo, que se lixe o adversário.

Andam as raridades cheias de pontualidades e a franca falta de respeito é figura desagradavel pela hora marcada a ser respeitada na atitude.

- Sou alquimista do tempo, raramente chego fora de hora!
Disse a credibilidade que logo apanhou uma lufada de ilusões do velho portugues a pecar pela falta dela.

Existem prazos para quê, se não sao cumpridos e ficam no desesperante sentimento batido, forte de preocupação preocupante, a mostrar caras de “parvos” a confirmar e nem aparecem.
Depois, nem justificam a falta marcada.

Onde ficou a cadeira e o prato com comida á espera de não ser devorada? Porque quem espera sente respeito e ainda paga o que ficou na volta, esta mania de meterem a mão no meu bolso sem haver a consulta!

Onde anda a culpa se não há sentimento culpado!
Parecem fardos de palha e ainda engrossam o desafio a possuir a falta de pontualidade...
- Todos olham o relógio...
- Falta o café que não chega a horas, estamos todos à espera!
Gritam os convidados.
Mas a máquina é lenta, ingénua é a busílis da questão e o adeus que não volta!
Até o café anda nos resíduos da falta!

Entra o respeito a encher o peito:

– Eu cheguei á hora certa!
Todos troçaram a qualidade pontual do rigoroso, que por acaso chegou a tempo!

Este povo desorganizado a matar o incomodo do maldisposto e o rezingão que só traz tempo individual e nunca espera, chega sempre dentro do atraso mental sem as quatro rodas.

Falta de pontualidade é arrogancia!
- Grita a pontualidade a manter ordem na esperança, que vai dando importância ao tempo e aos indivíduos já sentados dentro da porta que estava fechada.

A agenda está cheia, todos marcam as coisas ao mesmo tempo!
Assim não há tempo que vos aguente!
- Nada de desculpas, mexam-se!
Vão todos chegar atrasados de novo!
Onde vai parar a performance!
Onde irá parar a paciência!


Prosas Poéticas / Reflexão
Rosa Magalhães, 19 Jul 09

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