30 julho 2009

Temática sobre fidelidade

 
Duas, sentadas no banco do metro avistam o senhor culto, elegantemente vestido na cor cinza claro de pasta colada na mão. Ambas saltaram de aflição! Nenhuma matou a xarada da traição. Nem os olhos negros pestanudos e longos, olhou aquele banco ocupado. Sentou seu traseiro arquitectado no banco ao lado da aflição, puxou o jornal, de perna alçada libertava cheirinhos cachimbados de sedução.
 
As mulheres inquietas sem respiração, vestidas do sonho da ilusão e luta por um estado de renovação... abraçavam vidas paradas sem nadas, pasmadas de céus vazios, que enervava a postura da suposta solidão.

Duas caras desconhecidas que se olham. A cada olhar vêm-se no espelho da mesma situação e a cumplicidade inquieta, aumenta com fervor, mesmo sem abrirem a boca, soltaram silêncios a denunciar o amor... as mãos que tremiam, largaram objectos melindrosos a fazer barulho ao cair no chão. Além de chamar a atenção uma da outra, provoca o levantar da cabeça descontraída do charme, que as olhou num espanto.

De cara pálida e olhos intrigantes cheios de água, especados naquelas duas beldades do seu coração. Nenhuma deu pela outra. Estava ali uma terceira pessoa dentro da mesma história a tremer de medo, que descobrissem o segredo. A traição é mesmo isso, existe e nunca vence... lá vem o dia, o verniz pomposo e exuberante estala e cai, assim como os objectos, esparramados no chão! Se assim não fosse, ninguém ousaria chamar-lhe tal coisa, sinal que existe e a tentação é enorme de fazer a coisa certa pela razão errada, é xarada, mas a traição agrada e mata!

O traidor é sempre odiado, de todos os três, ninguém ousou um olá sequer, a cumplicidade tornou-se maior. - Sentei-me ao lado do cachimbo. Levava em mãos, meu caderno de rabiscos, pus-me a desenhar a história do metro, que de certo, multiplicava-se na grande estação... pensar naquilo que me chamou atenção, foi um castigo. Trair já é uma traição consumada e ponto final. Já estava estampada em todos os três.

A fraqueza da carne é imensa, atracão, química atrai e o coração bate, não há nada a fazer senão, fugir ou morrer! Aqui está a consequência invasiva que perde a razão. Uma das duas não aguenta, vai e conta á companhia do banco, o seu amor. Descobre-se que ambas vivem um grande dilema, amam o mesmo cachimbo, por sinal bem amadas, em separado. Mas a realidade não é bem assim!

Pelo denotado, há três mal amadas em toda a história. Provavelmente haverá um quarto elemento. As coincidências estavam nas auras a denunciar batom forte, tão forte como o desejo da renovação. Duas traídas pelo mesmo senhor, torna-se quase, familiar, vamos denunciar? Questionou destemida enquanto a outra dizia que não. Nada as impedia de oferecer a mesma moeda! Além das duas, existe uma primeira com outros direitos... - vamos é contar o segredo e saborear o fardo do fumo, apimentar o desejo sem invadir o terceiro!

O amor fica envelhecido e insustentável, moribundo, prestes a ser enterrado, uma questão de segundos! O metro parou no seu apeadeiro, certeiro. Do lado de fora surgem saltos de pernas esguias dentro de um vestido de curto tecido, que surpreende o cachimbo. Tudo se desmascara. O tão nobre cavalheiro, apanha com as três malas nas ideias fingidas e fica atordoado, separação justificada. Três ocasiões da xarada, confiança abalada, final da história:

A traição, deixou 4 corações magoados e com má reputação! Passados dois anos, todos se encontraram de novo, Curso de formação “Temática sobre fidelidade”, que nada foge aos aspectos da personalidade. Transcendente! As duas estavam unidas na amizade e bem amadas por seus amores de caras feias, como recompensa do terem sido traídas.

A primeira dama, andava num deserto fantástico de liberdade e o cachimbo deixou de fumar, melhorou um pouco o comportamento... entrou e sentou-se e voltou a cair no mesmo erro. Na sala, estavam duas sentadas de olhos fisgados nele, que lhe fizeram cair o cabelo!
 
Prosas Poéticas
escrito por Rosa Magalhães

1 comentário:

BragaPoesia disse...

Publicado no Jornal Correio do Minho a 26 de Agosto 2010

http://www.correiodominho.com/cronicas.php?id=1875