11 julho 2009

(imagem retirada da internet)

Hipocrisia
Caminho no meio do trânsito infernal, longas viaturas em formas de aviões e buzinas cansadas de tanta corrida. A verdade corre escondida por entre fumaças estúpidas a sair dos escapes que degeneram o ar que respiro durante a minha caminhada. Enquanto alongo meus passos, os pulmões se abrem a respirar todos os fumos que de vós advém. Ainda agora diziam os médicos que caminhadas, faz bem. Pois faz. Mas não faz! Aqui neste meio cinzento e louco onde atravesso meu corpo vestido num fato de treino, adianta-me andar de sapatilha se o que recebo não é a saúde que me convém! É tudo uma mentira lata, desesperante de bairros cardiacos em bandos soltos aos tiros, onde as bolas saltam balizas e embatem em mim... estarei eu a caminhar para a confusão! Escrevo porque estou sentada no sofã depois dessa caminhada de bicos de lã, e saber que me é esperado um amanhã, sento-me perante a vida que só me trai a magia de andar. Assume-se o melhor, mas convenhamos que esta será a mentira mais cruel! Parecendo a mais leve, arrasta-se como mendigo a precisar da garrafa do vinho para se abrigar... continuo a caminhar... o vinho ficou vazio e a garrafa foi atirada no meu caminho... de que me serve se já não traz nada para beber! E andam milhões nas pontas das sapatilhas dos craques da bola, enquanto me visto de tudo que ainda acredito. Poderia jurar sem arrastar meus joelhos por terra, gritar bravidades caladas que de um coração aflito... finjo que é verdade e acredito, enquanto me tentam inundar com a mentira suja por desagravo à vida que corre. Recorrer ao proverbio independente e ter cerebro, admito que nas maiores inofensividades aplicadas á razão e se me é perguntado se tudo está bem, claro que digo que não! No entanto vou caminhando por entre aviões barulhentos que me obrigam a colocar música pendurada na cabeça com intuito de diminuir esses volumes. Me magoa esse teu ar frio que mais se iguala ás buzinas que ouço e em vez de me gritares a esperança escrita numa folha caída das árvores, as árvores estão surdas, não me ouvem! Hoje fui ao cabeleireiro, troquei a cor do meu cabelo, apliquei-lhe escovas, espumas e brilhos, soltei caracois livres ao vento e tu, nem notaste! Optas por ler o jornal de perna cruzada no assento onde já tantas vezes andamos abraçados. Refuto a tua mentira mas não o teu estado de mentir, proque é grito calado na tua agonia pelo não discernir. A máscara vestes pelo teu motivo, só tens um umbigo, assim te integras nos amigos mas a praia é muito mais que tudo isso! Apetece-me partir o monitor. Esta caixa que me traz o mundo às mãos sem um passo dar, me isola do teu olhar. Então questiono-me? E as respostas ainda por cima de tudo, tenho de as descobrir! Partilho histórias isoladas do sentir, os comentários que daí provém, são parvoíces ou deslizes num obrigado de beijos e abraços que nunca dei. Se ao menos o teu doce fosse de mel como vestem tuas palavras! Mas não! Não passas do duro rochedo quando sapateias os pés leves, para que nem te sinta chegar!
Prosas Poéticas
escrito por Rosa Magalhães

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